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O que está acontecendo na Síria? Saiba tudo aqui

Dezenas de pessoas manifestaram-se no centro de Damasco para celebrar a queda do regime da família Assad após 13 anos de guerra civil

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Ex-ditador da Síria, Bashar Assad

Uma ofensiva relâmpago de pouco mais de uma semana colocou fim a uma das ditaduras mais sangrentas e longevas do Oriente Médio. O ditador da Síria, Bashar Assad, fugiu do país após renunciar ao cargo, poucas horas antes do grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham (HTS) ter tomado as cidades de Homs e Damasco, os principais centros de poder do país em mãos do regime.

A televisão estatal síria transmitiu uma declaração onde o grupo afirma que Assad foi deposto. Ele conseguiu fugir do país através do Aeroporto Internacional de Damasco para um local não divulgado, antes dos insurgentes entrarem na capital e das forças de segurança nacional abandonarem o terminal aéreo.

Segundo a chancelaria da Rússia, o ditador orientou seus colaboradores a dar início a uma transição pacífica com os grupos da oposição síria, liderados pelos rebeldes do Hayat Tharir al-Sham. O destino de Assad é desconhecido.

O Ministério de Relações Exteriores da Síria divulgou um comunicado no qual afirma que um novo capítulo da história do país está sendo escrito.

‘Hoje, uma nova página está sendo escrita na história da Síria, inaugurando um pacto e uma carta nacional que une os sírios, os une e não os divide, a fim de construir uma pátria única na qual a justiça e a igualdade prevaleçam e na qual todos gozam de todos os direitos e deveres, independentemente de uma opinião”, diz o texto.

O primeiro-ministro da Síria, Mohammad Ghazi al-Jalali, afirmou a um canal de notícias de propriedade saudita que falou pela última vez com o presidente Bashar Assad no sábado, 07, e que não conseguiu contatá-lo desde então. As forças rebeldes que entraram em Damasco disseram que trabalharão com al-Jalali.

Na TV estatal síria, os rebeldes anunciaram a libertação da cidade de Damasco e a queda do tirano Bashar Assad e a libertação de todos os prisioneiros detidos injustamente. Também foi pedido aos combatentes e aos cidadãos para salvaguardarem as propriedades do Estado sírio livre.

Dezenas de pessoas manifestaram-se no centro de Damasco para celebrar a queda do regime da família Assad após 13 anos de guerra civil e foram vistas imagens de pessoas pisoteando uma estátua de Hafez, pai de Bashar. Na Praça Umayyad, o barulho de tiros em sinal de comemoração se misturou aos gritos de “Allahu Akbar” (“Deus é o maior”).

As comemorações também eclodiram em partes do Líbano, que abriga mais refugiados sírios per capita do que qualquer outro país do mundo. As estações de notícias locais transmitiram imagens mostrando multidões cantando nas passagens de fronteira do país com a Síria, juntamente com procissões jubilosas na capital, Beirute, e na cidade de Trípoli, ao norte.

Abu Mohammad al-Jolani, líder do Hayat Tahrir Al-Sham (HTS)
Abu Mohammad al-Jolani, líder do Hayat Tahrir Al-Sham (HTS) (Imagem: Reprodução/ CNN.com)

Ofensiva relâmpago

Em pouco mais de uma semana, os homens do HTS, que unificaram os grupos rebeldes anti-Assad no norte do país, lançaram uma ofensiva relâmpago que tomou uma a uma as principais cidades do país. Caíram, na sequência, Aleppo, Hama, Homs e finalmente, Damasco.

Grupos rebeldes curdos tomaram a cidade de Deir Al-Zour, no leste, um ponto estratégico de passagem entre o Iraque e a Síria, e outros dissidentes avançaram a Damasco pelo sul após tomar a cidade de Deraa.

Ao longo da semana, russos e iranianos e o Hezbollah libanês, os principais aliados de Assad, abandonaram suas posições na Síria e não se comprometeram a ajudá-lo.

Enfraquecido politicamente e do ponto de vista militar, Assad tinha duas opções: a fuga ou a morte. Optou pela fuga.

Reação americana

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou estar monitorando de perto os “acontecimentos extraordinários” que ocorrem na Síria, informou a Casa Branca depois que um monitor de guerra afirmou que o presidente Bashar al Assad fugiu do país e os rebeldes declararam que haviam tomado a capital.

O anúncio foi feito pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Sean Savett, através de uma publicação no X.

O enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Geir Pedersen, disse em um comunicado no domingo que estava aguardando com “esperança cautelosa” a abertura de um novo capítulo para a Síria. Ele pediu a “todos os sírios que priorizem o diálogo, a unidade e o respeito à lei humanitária internacional e aos direitos humanos enquanto buscam reconstruir sua sociedade”.

Onde está Bashar Assad?

O ditador sírio Bashar Assad fugiu do país após dar ordens para que houvesse uma transferência pacífica de poder após rebeldes chegarem a capital, Damasco, informou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. Seu paradeiro agora – e o de sua esposa Asma Assad e seus filhos – permanece desconhecido.

Em comunicado, a Rússia confirmou que o país não participou das negociações sobre sua fuga.”Como resultado das negociações entre Assad e vários participantes do conflito armado no território da República Árabe Síria, ele decidiu renunciar à presidência e deixou o país, dando instruções para uma transferência pacífica de poder.”

Um dos principais aliadas do regime Assad, o exército russo tem uma base naval no porto de Latakia, às margens do Mar Mediterrâneo e uma base aérea em Tartus, também no litoral sírio Segundo o ministério, as bases militares foram colocadas em estado de alerta máximo, mas que não havia nenhuma ameaça séria a elas no momento.

Moscou também pediu que as partes evitassem o uso de violência. “Nesse sentido, a Rússia está em contato com todos os grupos da oposição síria”, diz o documento.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, ao ser questionado neste domingo, 8, sobre a situação de Assad, disse acreditar que o ditador sírio estava fora do país.

Ele afirmou que a Turquia não teve contato com Assad, apesar de uma tentativa do presidente Recep Erdogan para tentar normalizar a situação na Síria. Fidan também acrescentou que todas as tentativas de contato com Assad falharam.

Em entrevista, o ministro turco disse que o país não apoiava a operação rebelde, que se iniciou norte da Síria, e que a recusa de Assad em se envolver em uma solução política séria resultou em sua queda.

Mais cedo, a agência de notícias Reuters anunciou, baseada em informações do site Flightradar, que um avião da Syrian Air decolou do aeroporto de Damasco no momento em que os rebeldes ocupavam a capital. A aeronave inicialmente teria voado em direção à região costeira da Síria, um reduto da etnia alauita, até fazer uma curva brusca e prosseguir na direção oposta.

Ainda de acordo com o noticiário internacional, poucos minutos antes de a Rússia anunciar a saída de Assad, um avião de transporte decolou da base russa de Latakia, mas sem detalhes da tripulação.

(Com Estadão Conteúdo e agências internacionais)

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