Home EconomiaBrasil Renda mínima aumenta gasto com cigarro e “preguiça” de trabalhador

Renda mínima aumenta gasto com cigarro e “preguiça” de trabalhador

Frequência dos pagamentos é um fator determinante: transferências quinzenais aumentam a segurança alimentar e reduzem dívidas com cartões de crédito

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Bolsa Família

Entre 2021 e 2023, o programa de transferência de renda mínima na Califórnia, conhecido como Compton Pledge, forneceu US$ 500 mensais, em média, para 695 domicílios de baixa renda. Segundo o estudo conduzido pelo National Bureau of Economic Research (NBER), a renda mínima levou a uma redução de 13 pontos percentuais na participação de trabalhadores de meio período no mercado de trabalho, enquanto não houve impacto significativo sobre trabalhadores em tempo integral. Além disso, o estudo observou mudanças no consumo de tabaco e álcool entre os beneficiários.

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Os dados mostram que, embora os gastos gerais dos beneficiários tenham diminuído em US$ 302 por mês, a dívida média dos participantes foi reduzida em aproximadamente US$ 2.190. O programa também trouxe melhorias em indicadores de segurança habitacional, embora não tenha demonstrado avanços em bem-estar psicológico ou financeiro. A frequência dos pagamentos foi um fator determinante: transferências quinzenais aumentaram a segurança alimentar e reduziram dívidas com cartões de crédito, enquanto transferências trimestrais apresentaram menor impacto.

No Brasil, para ter direito ao Bolsa Família, a principal regra é que a renda de cada pessoa da família seja de, no máximo, R$ 218 por mês. Em 2024, foram mais de 20,86 milhões de famílias contempladas, com a transferência de aproximadamente R$ 168,3 bilhões. Além disso, uma regra de proteção permite que as famílias que tiveram aumento de renda per capita acima de R$ 218 e abaixo de meio salário mínimo, continuem no Bolsa Família por até dois anos, recebendo 50% do valor do benefício.

Veja os principais pontos do estudo sobre a renda

Trabalhadores de meio período tiveram menor participação no mercado. A renda mínima reduziu a participação desses trabalhadores em 13 pontos percentuais, refletindo a flexibilidade de ajuste entre trabalho e lazer. “Isso indica uma busca por mais tempo livre ou cuidado familiar,” aponta o NBER.

Redução de US$ 302 nos gastos mensais. Apesar de receberem transferências, os beneficiários diminuíram os gastos, sugerindo um foco em quitar dívidas em vez de consumo imediato.

Dívidas reduzidas em US$ 2.190. Participantes apresentaram queda significativa em dívidas não relacionadas à habitação, alinhada à estratégia de economizar.

Segurança habitacional melhorou. Houve uma percepção reduzida de risco de despejo, “um reflexo direto das transferências para famílias vulneráveis”, segundo o relatório.

Consumo de tabaco aumentou. O estudo usou métodos para superar o viés de respostas, constatando aumento moderado no uso de tabaco, enquanto os gastos relatados com esses produtos diminuíram.

Frequência de transferências influenciou resultados. Pagamentos quinzenais reduziram dívidas com cartão de crédito em US$ 1.074, enquanto trimestrais mostraram menor impacto.

Impactos no bem-estar psicológico foram limitados. Apesar das melhorias financeiras, não houve efeitos significativos em índices de saúde mental ou satisfação.

Desigualdade de gênero nos resultados. Mulheres relataram maior segurança financeira e menores reduções de renda, destacando diferenças importantes nos impactos.

Uso do benefício variou por contexto familiar. Mães solteiras, 22% da amostra, aumentaram horas de trabalho e renda mais que outros grupos.

Lições para políticas públicas. O estudo reforça que a frequência e o contexto das transferências influenciam os resultados, indicando ajustes necessários para programas futuros.

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