A Meta (META; M1TA34) anunciou uma revisão significativa em sua política de moderação de conteúdo, encerrando seu programa de checagem de fatos por terceiros em favor de um sistema de moderação baseado na comunidade. A decisão, defendida pelo CEO Mark Zuckerberg como um movimento para promover a liberdade de expressão, gerou especulações sobre suas motivações políticas. Especialistas apontam que a mudança pode ser uma estratégia para alinhar-se a Donald Trump e Elon Musk contra regulações rígidas da União Europeia.
De acordo com a Eurasia Group, a revisão da Meta reflete uma tendência crescente no setor de tecnologia em direção à flexibilização da moderação de conteúdo. “Zuckerberg está atuando com base em suas crenças políticas, provavelmente mais próximas das de Elon Musk do que das de Nick Clegg”, afirmou Nick Reiners, especialista em geo-tecnologia da Eurasia Group. A mudança também inclui a nomeação de Joel Kaplan, ligado a grupos republicanos, como chefe de políticas globais.
A decisão de Zuckerberg também tem implicações globais, com o CEO declarando sua disposição para “trabalhar com a administração Trump” para enfrentar governos que impõem leis mais rigorosas, como a União Europeia. A legislação europeia, incluindo o Digital Services Act, tem impactado os lucros da empresa.
No Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou esclarecimentos à Meta sobre a aplicação da nova política no país. A decisão está sendo monitorada de perto devido às polêmicas envolvendo desinformação em redes sociais na região.
Veja o que a Eurasia disse sobre a decisão de Zuckerberg
• Fim do programa de checagem de fatos sinaliza mudança no foco da Meta. O sistema anterior, baseado em verificadores certificados, foi substituído por “Notas da Comunidade”, que promove uma moderação descentralizada semelhante ao modelo do X, de Elon Musk.
• Alinhamento com tendências políticas conservadoras. A substituição de Nick Clegg por Joel Kaplan reflete um movimento estratégico para se aproximar de lideranças republicanas. “Isso indica uma transição para normas mais liberais de discurso”, disse Reiners.
• Regulações europeias desafiam as operações da Meta. Leis como o Digital Services Act impactam significativamente os lucros da empresa, levando Zuckerberg a buscar apoio nos EUA contra essas restrições.
• Trump como aliado estratégico. Zuckerberg declarou que trabalhará com a administração Trump para combater “tribunais secretos de censura” na América Latina e em outras regiões.
• Impacto no consumo global de informação. O novo modelo pode aumentar a difusão de desinformação, mas também promover uma maior participação da comunidade na avaliação de conteúdos.
• Nomeações polêmicas na diretoria da Meta. A inclusão de Dana White, CEO do UFC (Ultimate Fighting Championship) no conselho, reforça o movimento para ampliar alianças com setores conservadores e empresariais.
• Repercussões no Brasil. O MPF está preocupado com a aplicação da nova política, considerando os desafios locais na moderação de desinformação.
• “Zuckerberg e Elon Musk impõem normas ao mundo.” “É uma tentativa de alinhar padrões globais aos interesses das big techs dos EUA”, concluiu Reiners.