O BTG Pactual destacou, em análise publicada nesta sexta-feira (17), que a trajetória do dólar (USDBRL) em 2025 será fortemente influenciada por fatores domésticos. A estimativa do banco é que a taxa de câmbio alcance R$ 6,25, mas riscos fiscais podem levar a cotação a superar R$ 7 e chegando a R$ 7,30 em cenários adversos.
Segundo os economistas Iana Ferrão e Pedro Oliveira, a principal preocupação está na sustentabilidade da dívida pública e nas políticas econômicas do governo.
“Ações que contornem o Orçamento, intensifiquem mecanismos parafiscais, minem a credibilidade da política monetária ou envolvam intervenções no mercado cambial tendem a pressionar ainda mais o câmbio, podendo levá-lo a ultrapassar a barreira de R$ 7 no próximo ano”, ressaltam.
Trajetória do dólar
O superávit comercial robusto, projetado em US$ 87 bilhões, pode não ser suficiente para equilibrar o fluxo cambial. O aumento das saídas de recursos pelo segmento financeiro, que registrou um recorde de US$ 88 bilhões em 2024, complica o cenário. Esse movimento, conforme o BTG, reflete a percepção do mercado sobre os riscos internos.
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Embora o balanço de pagamentos mostre baixa vulnerabilidade externa, o déficit em transações correntes de 1,9% do PIB esperado para 2025 exige atenção. “Uma sinalização clara de ajuste fiscal crível poderia realinhar as expectativas e levar o câmbio para patamares mais apreciados, próximos a R$ 5,20”, afirma Ferrão, enfatizando que tal cenário é improvável no momento.
Pedro Oliveira ressalta que a depreciação cambial de 2024, superior a 25%, terá efeitos defasados que fortalecerão as exportações em 2025. “Os efeitos da desvalorização no saldo comercial e na desaceleração das despesas serão mais sentidos ao longo do próximo ano”, destaca.
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Veja o que o BTG disse sobre o dólar
• Riscos fiscais pressionam o câmbio. O aumento do gasto público e a falta de credibilidade fiscal podem elevar o dólar acima de R$ 7,00.
• Superávit comercial robusto. Estima-se que o saldo atinja US$ 87 bilhões em 2025, impulsionado pelo crescimento de 10% na produção agrícola e petrolífera.
• Saída recorde de dólares. Em 2024, o segmento financeiro registrou saídas históricas, impactando negativamente o fluxo cambial.
• Demanda doméstica desacelerada. A redução da demanda interna, de 5,2% em 2024 para 1,9% em 2025, ajudará a controlar o déficit em transações correntes.
• Exportações beneficiadas pela depreciação. O câmbio mais fraco torna os produtos brasileiros mais competitivos no mercado externo.
• Preocupações com políticas econômicas. “Ações que aumentem o gasto parafiscal ou minem a credibilidade monetária e cambial podem gerar impactos severos”, alerta Oliveira.
• Impacto nos serviços e rendas. O câmbio depreciado e a menor atividade doméstica desacelerarão despesas com serviços e remessas de lucros.
• Reservas internacionais ainda adequadas. Apesar das intervenções do Banco Central, as reservas terminaram 2024 em US$ 330 bilhões.
• China permanece como principal parceira. Com 30% das exportações brasileiras, o país asiático segue vital para o superávit comercial.
• Cenário alternativo exige ajuste fiscal. Segundo Ferrão, “um ajuste fiscal consistente pode criar condições para uma apreciação significativa do real, mas demanda ações concretas do governo.”