As ações da Raízen (RAIZ4) operam em queda nesta terça-feira (21) após a empresa ter anunciado uma prévia do 3º trimestre fiscal de 2025 que indicou volumes de moagem menores do que o esperado, o que deve levar a resultados mais fracos.
A empresa moeu 77,5 milhões de toneladas de cana no ano fiscal até o momento, uma queda de 7% ano a ano.
Ao mesmo tempo, sua produção de cana-de-açúcar reduziu aproximadamente 5%, impactada por incêndios florestais, levando potencialmente a maiores investimentos em reformas no futuro. Do lado negativo, a empresa afirmou que a concorrência continua se intensificando.
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Com isso, a expectativa é de que as margens permaneçam desafiadoras ao longo do ano.
“Em nossa opinião, os números operacionais foram fracos, o que pode levar os resultados a ficarem abaixo de nossas estimativas, embora a temporada mais longa do que o habitual em 2023/24, devido a um clima mais seco do que o esperado, represente uma comparação difícil. Além disso, a empresa anunciou a descontinuação do seu guidance anual devido ao desempenho observado e aos desenvolvimentos em andamento dentro da empresa”, opinam os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, analistas da XP Investimentos.
A Raízen também anunciou o fim da produção comercial de sua primeira planta de etanol de segunda geração (E2G), Costa Pinto.
“Acreditamos que o tamanho ainda reduzido de sua presença, tecnologia desatualizada e falta de contratos E2G fizeram com que a operação ficasse abaixo do limite de 50% do Ebitda definido pela empresa. Tal situação, juntamente com a desaceleração de novos projetos de expansão, significou uma desaceleração necessária no desenvolvimento de E2G, dadas as altas taxas de juros no Brasil e a inflação de investimentos relacionados ao desenvolvimento de instalações”, ressaltam Guilherme Palhares e Laura Hirata, analistas do Santander.
Eles cortaram o preço-alvo para as ações de R$ 2,90 para R$ 2,40 e reiteraram a recomendação “manutenção” aos papeis.
“O corte em nosso preço-alvo é consequência de estimativas menores para o Ebitda de 2025 e 2026: quedas de 6% e 22% em relação às nossas estimativas anteriores, respectivamente, para refletir: (i) preços de açúcar mais baixos, (ii) taxas de juros mais altas, (iii) menor moagem de cana-de-açúcar na temporada 2024-25, (iv) descontinuação da planta E2G, (v) real mais desvalorizado e (v) preços médios de combustível na bomba no Brasil”, destacam Palhares e Hirata no relatório.
Vale a pena comprar as ações?
Após os resultados do segundo trimestre fiscal de 2025 levantarem preocupações, a descontinuação do guidance agora explica a queda de 44% das ações nos últimos doze meses.
“O sentimento parece pronto para melhorar apenas quando os investidores preveem a tão necessária desalavancagem do balanço, a rotação do portfólio de ativos e os impactos das mudanças internas”, explica Thiago Duarte, analista do BTG Pactual.
Segundo ele, a Raízen é uma aposta de desalavancagem que precisa voltar ao básico após uma rodada profunda de mudanças na equipe de alta gerência e uma revisão das prioridades de crescimento e alocação de capital da empresa.
“Até mesmo a E2G, anteriormente o principal impulsionador de crescimento da Raízen, está sendo repensada. Mantemos nossa “compra” por enquanto, enquanto esperamos que mesmo uma pequena melhora no perfil do fluxo de caixa livre (FCF) possa desbloquear um aumento significativo no preço das ações”, destaca Duarte. O preço-alvo do BTG para as ações é de R$ 7.