Topo Desktop MBA Buffett
Home Comprar ou Vender Mercado erra ao ver dólar muito acima de R$ 6, diz Bank of America

Mercado erra ao ver dólar muito acima de R$ 6, diz Bank of America

Moeda não merecia um nível do dólar acima de R$ 6. E que também "não pertence a esses patamares", diz outro economista

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Mercados Dólar Câmbio

Após um relatório do Bank of America publicado nesta semana ter alertado sobre um exagero do mercado em seu pessimismo acerca da economia brasileira, o real voltou a ganhar força e o dólar (USDBRL) chegou a ser negociado a R$ 5,87 nesta quinta-feira (23).

MBA Buffett Quadrado

As divisas emergentes latino-americanas, em especial, beneficiam-se da diminuição da aversão ao risco na esteira das declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, em participação virtual no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Trump não anunciou a imposição de novas tarifas de importação a parceiros comerciais e adotou um tom mais conciliatório em relação à China. Ele afirmou que o presidente chinês, Xi Jinping, ligou para ele e, entre os temas da conversa, esteve a possibilidade de uma resolução para o conflito entre Rússia e Ucrânia.

Para os analistas David Hauner e Raghav Adlakha, do BofA, o real está “barato” em comparação com os fundamentos econômicos e representa uma oportunidade de compra. Além disso, o mercado de taxas no Brasil é considerado “excessivamente pessimista”.

O relatório ressalta que, mesmo diante de desafios fiscais, o País apresenta taxas de juros reais muito superiores ao nível neutro estimado, o que torna o mercado atrativo para investidores. “A boa notícia é que, mesmo no topo da faixa estimada, a taxa neutra está bem abaixo da atual taxa real precificada para o final de 2025”, afirmaram os analistas. A visão de que o mercado de juros está “barato” reforça a perspectiva otimista para o real e a economia brasileira.

Nada mudou

José Marcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, avalia que a tentativa do governo de reforçar a fiscalização das movimentações financeiras através do PIX, que foi interpretado pela sociedade como um primeiro movimento no sentido de taxar este instrumento financeiro, gerou grande ruído político, mostrou perda de credibilidade do governo diante a sociedade, mas foi incapaz de afetar o comportamento da taxa de câmbio.

MBA Buffett Quadrado

“A valorização do Real frente ao Dólar se intensificou com a posse do Presidente Donald Trump, enquanto as medidas adotadas pelo novo presidente americano nos primeiros dias de mandato, foram consideradas menos duras do que o esperado pelos investidores, tanto em relação ao Brasil, quanto ao resto do mundo”, pontua ele em um relatório.

Vale ponderar, entretanto, que o governo Trump está apenas começando. “Por outro lado, como não houve mudança estrutural importante (medidas de controle de gastos, redução do déficit fiscal, trajetória da dívida, etc.) desde o anúncio das medidas de controle de gastos do final de 2024, claramente insuficientes para estabilizar a dívida pública, a tendência de desvalorização do Real frente ao Dólar não deverá ser revertida ao longo de 2025”, opina.

Guilherme Cadonhotto, especialista em renda fixa e estrategista-chefe da Finclass, lembra que, quando falamos de câmbio, estamos nos referindo à relação entre moedas de dois países, o que significa que essa taxa pode ser impactada por fatores de ambos os lados.

“O dólar não cai apenas porque o Brasil está indo bem, mas também porque a própria moeda americana pode estar se desvalorizando contra outras moedas globais. Nesse caso, uma queda do dólar pode ser um movimento global e não necessariamente gerado por fatores específicos do Brasil. O inverso também é verdadeiro: o dólar não sobe apenas por conta de uma piora no cenário econômico interno, mas também pode subir devido ao fortalecimento da moeda americana no contexto global”, destaca.

Será que essa é uma oportunidade de investir em dólar?
Saiba mais sobre as nossas recomendações de investimento aqui

Real “não pertence a esses patamares”

O economista Robin Brooks, do Brookings Institute, destacou que o real tem o desempenho mais forte dos mercados emergentes até agora esta semana, e afirmou que a moeda não merecia um nível do dólar acima de R$ 6. E que também “não pertence a esses patamares”.

Em postagem na rede social “X”, Brooks disse que o “Brasil está longe de ser perfeito e o atual governo comete erros não forçados”, mas que nada justifica um real 30% mais fraco do que antes da pandemia de covid-19.

Ao longo dos últimos anos, Brooks, à época economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF), se notabilizou por expressar opiniões otimistas sobre o real brasileiro, especialmente focado no grande ingresso de reservas estrangeiras e no superávit do Brasil. Em determinado momento, o economista catapultou o país ao status de “Suíça da América Latina”.

Dinheirama

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.

© 2024 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.