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Picanha barata, promessa de Lula, não virá em 2025

Aumento da carne bovina contamina os preços de proteínas alternativas, como carne de frango, de porco, e também, o consumo de ovos

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Carnes Picanha

Embora a expectativa do mercado seja de uma supersafra de soja para 2025 – o que deve contribuir para um alívio nos preços agropecuários no atacado – as carnes e o café, que ainda devem seguir pressionados, devem barrar uma desaceleração mais expressiva para os preços agropecuários ao produtor em 2025, segundo economistas consultados pelo Estadão/Broadcast.

Com isso, a promessa de picanha barata, feita por Lula durante a campanha presidencial em 2022, vai ficando mais distante.

A perspectiva de uma carne mais cara é sustentada pelo ciclo pecuário atual do boi gordo, além dos efeitos climáticos e depreciação do câmbio, que marcaram o fim de 2024. Adicionalmente, observam os analistas, a expectativa de um aumento das exportações brasileiras deve ser mais um vetor de pressão.

Por consequência, o aumento da carne bovina contamina os preços de proteínas alternativas, como carne de frango, de porco, e também, o consumo de ovos.

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Efeitos políticos da picanha

“A carne vai ficar cara e isso vai ter efeitos políticos. Vai ficar cara também em 2026 e 2027. Se tivesse de fazer uma aposta, a mais segura que eu teria é: o boi gordo vai ficar mais caro em 2025 e vai demorar um pouco para cair”, avalia o economista da LCA 4intelligence Francisco Pessoa. O cenário da casa conta com alta de 17% do boi gordo na ponta e de mais de 35% na média anual em 2025.

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As carnes no atacado, como a picanha, acumularam alta de 37,40% em 2024, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O economista Fabio Romão, também da LCA 4intelligence, avalia que, embora a expectativa seja de uma supersafra de soja para este ano, o viés para os preços no atacado é de alta. Adicionado a esse fator, ele reforça que a dinâmica atual das carnes exclui a possibilidade de uma queda nos agropecuários neste ano, que deve fechar em 4,7%, mais moderado que a alta de 15,20% em 2024. “Esse cenário de proteínas para esse ano vai estar bem apertado”, frisa o economista.

Café
(Imagem: freepik)

O economista da FGV Matheus Dias também descarta uma queda dos preços agropecuários neste ano, e lembra do cenário de dólar pressionado e dos repasses que foram adiados pela demanda de alguns setores, como o cafeeiro.

Só em 2024, o café em grão no atacado encerrou o ano com avanço de 120,40%, de acordo com a FGV.

“O café possui um peso grande no IPA-Agro, a tendência é que ele continue pressionando a inflação em 2025, mesmo que em um nível menor, avalia. Além disso, Dias avalia que o grupo de carnes deve se manter em alta e firmar a pressão no IPA em 2025.

IPCA

Romão, da LCA, avalia que, em menor medida, o IPA-Agro também pode contribuir para compreender a dinâmica da alimentação no domicílio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Percebemos que as proteínas são um ponto de pressão importante no ano”, alerta o economista. A estimativa da casa é que as carnes registrem elevação ainda na casa dos dois dígitos no IPCA em 2025, de 16,4%, após o avanço de 20,84% em 2024. Já a alimentação no domicílio deve passar de 8,23% para 8,2%.

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