Por Gustavo Chierighini, publisher da Plataforma Brasil Editorial.
Caro leitor, já abordei em textos anteriores a assustadora apatia do nosso empresariado frente ao avanço do “bobajal econômico” que se instaurou no governo a partir de 2011. A história e a cadeia de consequências são conhecidas.
Intervencionismo estatal, protecionismo excessivo, elevação assustadora dos gastos governamentais, falta de confiança dos investidores, câmbio desajustado e perda de potência econômica. E depois? Baixa capacidade competitiva, inflação, desânimo empresarial, desemprego, crise econômica, escândalos estatais com contaminação na área privada e crise política.
Há algo relevante e que se soma às consequências do atual momento brasileiro: o despertar político-empresarial. Pois é, caro leitor, nem só de modinhas de gestão, autoajuda corporativa e clichês motivacionais se sustenta o mundo produtivo. Ele vive também de boa e confiável dinâmica econômica – que, como sabemos, só se estabelece de forma sólida e longeva nas democracias liberais.
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Esse “acordar empresarial” é motivo de comemoração, sem dúvida. Claro, um comemorar deixando de lado as colorações ideológicas, calcado no primado da lógica. O fato é que estamos assistindo ao desembarque das classes produtivas em relação ao apoio político do atual governo.
Em uma séria de atos e reuniões ventiladas à imprensa (com direito a um “Renuncie Já” no prédio da FIESP em meio às manifestações), entidades de classe, sindicatos patronais e associações se unem para mandar um recado claro ao governo e suas recentes trapalhadas estratégicas: “Não contem mais com o nosso apoio. Desejamos mudanças imediatamente”.
Demorou muito, e muito tempo se perdeu em esperanças infundadas a cerca de um desenvolvimentismo tocado pelo capitalismo de estado. Não deu certo! Vai ficar a experiência de que não se brinca com a aritmética básica da economia, e não se convive com projetos hegemônicos de poder sem lutar pela alternância.
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As instituições estão funcionando, não há mais hegemonia ideológica nas manifestações populares e suas pautas de reivindicações e existem ingredientes para uma recuperação sólida caso reencontremos o rumo da confiança.
Se sobrevivermos bem a esse vendaval (é nisso que acredito), cresceremos todos. Dias melhores virão.
Foto “Brazilian business card”, Shutterstock.