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Nova greve dos caminhoneiros? Petrobras e governo se preparam

Embora uma greve não esteja confirmada, a mera possibilidade adiciona pressão política à tomada de decisões da Petrobras

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Caminhões

Preocupados com o possível aumento no preço do diesel, as principais lideranças dos caminhoneiros marcaram uma reunião para o próximo dia 8, no Porto de Santos, informa o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), e o assunto é acompanhado de perto pelo governo Lula e pelo mercado financeiro.

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“A gente busca que o atual governo faça alguma coisa pelo segmento do transporte. A gente vê a questão da defasagem do diesel e a volta do ICMS. Quem vai sofrer com isso de verdade é o transportador de carga e a população”, disse Wallace Landim, o “Chorão”, ao Broadcast.

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O setor está preocupado com o impacto combinado do aumento dos impostos de ICMS – previsto para aumentar em R$ 0,06/litro em fevereiro, elevando a alíquota para R$ 1,12 por litro, – e com o potencial aumento de preço da Petrobras devido a um desalinhamento com as referências globais.

A reunião dos caminhoneiros acontece em meio a um intenso ciclo de notícias sobre o potencial aumento de preço do diesel da Petrobras (PETR3; PETR4).

“Embora uma greve não esteja confirmada, a mera possibilidade adiciona pressão política à tomada de decisões da Petrobras, já que as memórias da greve disruptiva dos caminhoneiros de 2018 permanecem frescas”, apontam os analistas do BTG Pactual em um relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (30).

Ou seja, segundo eles, não há risco impedindo a Petrobras de aumentar os preços caso seja necessário. “Além disso, a recente correção nos preços do Brent e na taxa de câmbio ajudou a reduzir o desconto do diesel de aproximadamente 18% para 9%, oferecendo à empresa algum espaço de manobra”, pontuam.

Presidente da República, Luiz Inácio da Silva, durante coletiva à imprensa, no Palácio do Planalto
Presidente da República, Luiz Inácio da Silva, durante coletiva à imprensa, no Palácio do Planalto (Imagem: Ricardo Stuckert / PR)

Diálogo com os caminhoneiros

Lula argumentou, em uma entrevista realizada hoje, que um eventual aumento do preço do combustível não faria com que chegasse ao valor de dezembro de 2022 (no fim do governo Bolsonaro) reajustado pela inflação desse período.

Disse, ainda, que o diesel e o gás de cozinha estão mais baratos e é preciso informar os caminhoneiros disso. “Se a Petrobras tiver que fazer um reajuste é que se tiver que fazer, ainda assim, não levando em conta o aumento da inflação de 2023 e 2024, sem contabilizar a inflação, se colocar a inflação, ainda assim será menor que dezembro de 2022.”, afirmou.

Questionado sobre uma eventual paralisação de caminhoneiros, Lula disse que não há nada “alarmante” no horizonte e que o governo está disposto a conversar com os motoristas.

“Se tiver movimentação de caminhoneiros, vou fazer o que fiz a vida inteira. Vou conversar com eles, colocar o ministro dos Transportes, a ministra Esther, para conversar. Vamos conversar com todo e qualquer setor. Nada que seja alarmante se tivermos a disposição de conversar”, afirmou o presidente.

Acelen

Em meio a especulações sobre possíveis aumentos do preço do diesel por parte da Petrobras, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, braço do fundo de investimento árabe Mubadala, reduziu na quinta-feira, 29, o preço da gasolina e do diesel, seguindo a queda do petróleo no mercado internacional.

O preço do diesel teve queda de 5% em relação à semana anterior, e o da gasolina de 2,6%.

Mataripe segue o preço de paridade de importação (PPI), e antes do ajuste tinha preços praticamente equiparáveis aos valores praticados no mercado internacional.

Com o movimento, a defasagem de preços da principal refinaria privada do País passou a ser de 5% para o diesel e de 3% para a gasolina.

(Com Estadão Conteúdo)

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