O Morgan Stanley acredita que o mercado global está entrando em uma nova era chamada de “Grande Normalização”. Segundo Lisa Shalett, CIO do banco, este ciclo será marcado pelo fim da dependência dos investidores da política monetária do Federal Reserve (Fed) e pelo retorno da ênfase no crescimento dos lucros corporativos, mostra um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira (5) e obtido pelo Dinheirama. A mudança ocorre após o banco central dos EUA sinalizar que manterá as taxas de juros elevadas por mais tempo.
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A tese predominante desde outubro de 2022 era de que o Fed reduziria juros e impulsionaria o mercado de ações. Entretanto, eventos recentes mudaram essa perspectiva. O Fed decidiu manter os juros altos e não sinalizou qualquer redução no processo de enxugamento do seu balanço. Isso indica que os investidores precisarão se ajustar a um ambiente onde os ganhos do S&P 500 (SPXUSD) dependerão mais do desempenho das empresas do que de estímulos monetários.
Outro fator relevante é o impacto do avanço da inteligência artificial (IA) na liderança do mercado financeiro. O anúncio do DeepSeek, uma empresa chinesa de IA, trouxe dúvidas sobre a supremacia das gigantes tecnológicas dos EUA. Essa mudança pode levar a uma rotação no mercado, com menos concentração no chamado “Magnificent 7” e mais oportunidades em setores como serviços empresariais, software, saúde e financeiro.
Com esse novo cenário, a recomendação do Morgan Stanley é que investidores comecem a diversificar suas carteiras. As ações cíclicas e de valor devem ganhar destaque, enquanto empresas ligadas à infraestrutura tecnológica podem perder força. Além disso, há oportunidades em ativos de crédito, produtos estruturados, mercados emergentes e ativos reais.
Veja o que esperar na Grande Normalização apontada pelo Morgan Stanley
• Fed mantém juros altos e mercado precisa se adaptar. O Federal Reserve indicou que os juros permanecerão elevados por mais tempo. “A era de taxas mais baixas que impulsionaram valorizações elevadas das ações está chegando ao fim.” Com isso, o crescimento dos lucros das empresas se torna o principal fator para a valorização dos papéis.
• O otimismo com cortes de juros se dissipou. O mercado apostava que o Fed cortaria as taxas rapidamente, mas isso não deve acontecer. “Os investidores que ainda esperam um cenário de juros mais baixos precisam abandonar essa ideia.” Com isso, a expectativa para o crescimento dos lucros no S&P 500 caiu para 7%-10% em 2025, bem abaixo dos 12%-13% anteriormente projetados.
• Concorrência chinesa desafia domínio da tecnologia dos EUA. O lançamento da DeepSeek mostra que a liderança das gigantes de tecnologia americanas pode estar em risco. “O ciclo de inovação está acelerando e pode deslocar a fase de domínio do hardware e da infraestrutura.” Isso pode reduzir a concentração das ações do S&P 500 nas gigantes do setor, abrindo espaço para novas lideranças.
• Setores cíclicos e de valor devem ganhar força. Com o fim do ciclo de valorização das grandes techs, o Morgan Stanley recomenda atenção a setores que se beneficiam da economia real. “Investidores devem focar em ações financeiras, de energia, manufatura doméstica e serviços ao consumidor.” Isso pode impulsionar o crescimento de setores antes esquecidos pelo mercado.
• Diversificação é fundamental neste novo ciclo. Além das ações cíclicas, o banco recomenda ampliar a exposição a ativos alternativos. “Considere diversificar para crédito, ativos reais, fundos hedge, títulos preferenciais e dívida de mercados emergentes.” Essa estratégia ajuda a equilibrar riscos e oportunidades em um mercado menos dependente do Fed.
• O mercado pode se tornar menos concentrado em mega caps. A nova realidade pode reduzir a dominância das big techs no S&P 500. “Essa transição pode abrir espaço para novas lideranças em setores como software, saúde e serviços financeiros.” Isso significa que investidores devem reavaliar suas estratégias, buscando setores com maior potencial de crescimento sustentável.