No investimento em ações, as duas escolas de análises existentes para selecionar os ativos que irão compor uma carteira de investimento são: a análise fundamentalista e a análise gráfica (esta também conhecida como análise técnica). É muito comum notar embates notáveis entre especialistas das duas escolas e opiniões contraditórias sobre suas escolhas. O assunto é quente!
A análise fundamentalista considera os fundamentos de uma empresa, com base em interpretação de dados e indicadores disponibilizados – e considerados como verdadeiros. Tais interpretações são controversas e dificilmente conseguem prever o comportamento dos preços dos ativos, além de haver possibilidade de trabalhar com dados “maquiados” divulgados nos balanços e demonstrações de resultado de exercício (DRE) das empresas analisadas – como já ocorrido em casos de maior destaque como os das empresas norte-americanas Enron e Worldcom.
A análise gráfica, também conhecida como análise técnica, por sua vez considera que todos os fatores necessários estão representados nos gráficos, na medida em que este traduz o comportamento do mercado (fundamentalistas, insiders, amadores etc.) e avaliam a participação desses investidores que influenciam na formação dos preços.
Na teoria fundamentalista, além do investidor não possuir o timing da operação, ele não consegue aproveitar o “zig zag” constante das ações, muito menos se prevenir de fortes realizações. No entanto, nada impede o investidor efetuar um filtro de algumas ações a partir de critérios fundamentalistas com índices P/L e P/VPA e aplicar a essas empresas pré-selecionadas as técnicas e ferramentas presentes na Análise Técnica para identificar a tendência da ação, momentos de reversão e fazer também o gerenciamento de risco – e com isso conseguirá aplicar a máxima da análise técnica que é maximizar o lucro e minimizar o prejuízo.
A Análise Gráfica, além de identificar ações sobrecompradas (com preços muito elevados) e sobrevendidas (preços muito depreciados), consegue nos dar o tempo correto para efetuar uma ordem de compra e venda. Para isso é preciso que o investidor tenha conhecimento suficiente para exercer tal atividade. Apesar da existência de regras claras e objetivas, a aplicação da Análise Técnica também envolve certo nível de experiência adquirido com muito estudo e através de cursos especializados, onde o aluno conseguirá absorver grande parte da experiência possuída pelo professor.
——
Leandro Martins é economista com MBA em finanças pela USP e FIPE e com mestrado em economia na Universidade de Grenoble (França). Profissional de Investimento certificado com o CNPI registrado pela CVM, fundador do site www.seuconsultorfinanceiro.com.br e autor do livro “Aprenda a Investir – Saiba Onde e Como Aplicar Seu Dinheiro” (Editora Atlas).
Crédito da foto para stock.xchng.