Ontem, ao passar por uma livraria alguns livros me chamaram a atenção. Não pela só pela qualidade de alguns (ou pela falta de qualidade em outros), mas pelo tema abordado: “como ficar rico?”. Obviamente, existem algumas formas de enriquecer, seja através do trabalho ou mesmo da sorte; ou ainda, como acontece na maioria das vezes e com os grandes profissionais, com a soma de trabalho, oportunidade e sorte.
O que mais me intrigou foi justamente a forma como a riqueza é tratada e discutida – ou pelo menos como a idéia de enriquecer é vendida. Reparei que tudo soa como uma receita milagrosa e certeira, do tipo compre e fique rico. Riqueza, creio eu, vai muito além do dinheiro. Penso assim: alguém só consegue ser rico a partir do momento em que se torna uma pessoa realizada.
O dinheiro vem com o sucesso e a disciplina. O que fazer com o dinheiro é um assunto pouco explorado e quase ninguém se preocupa, de verdade, como o fato de que ter dinheiro modifica a vida das pessoas, para o bem ou para o mal. Fala-se pouco de dinheiro como algo natural.
Independência Financeira
Prefiro pensar na independência financeira como um grande objetivo, mas que seja parte de um todo que envolva realização pessoal. No final, o dinheiro será uma condição para a independência financeira, algo que propicie tranqüilidade e oportunidade de busca por novas realizações.
Tenho verdadeiro medo daqueles que vivem para o dinheiro e vêem nele um fim – e não um meio. São os mesmos que elevam artificialmente seu padrão de vida e aproveitam pouco da vida em seus pequenos detalhes. Afinal, temos muito mais do que uma vida para cuidar; devemos lutar pela família e fazê-los crescer conosco, com humildade e amizade.
Aliás, as amizades são os maiores valores que o ser humano pode guardar. Poucos percebem o hiato que existe entre o dinheiro e o sentimento de ser querido pelos amigos e pela família. Alguns pensam nos amigos e os misturam com dinheiro. É triste, mas é verdade.
Como anda a sua família?
Você dedica tempo e atenção para sua família? Se não, é uma pena. Família deve ser prioridade, afinal é ela que nos move, nos guia e nos auxilia nos momentos bons e ruins. É por eles que nos esforçamos mais e desejamos fazer a diferença. Os melhores negócios que consegui em minha vida foram graças ao pensamento e ao planejamento, sempre levando em conta o nosso futuro (meu e de minha família).
Escrevo para vocês e para mim.
Por muito pouco, eu mesmo não percebi isso. Mesmo sempre dizendo e escrevendo sobre os verdadeiros tesouros das pessoas, por pouco não coloquei meu barco à deriva. No mundo, as coisas acontecem em uma velocidade impressionante e eu estava perdendo momentos preciosos que dificilmente vou conseguir recuperar.
Muitos de vocês devem estar pensando que é difícil conciliar família, sucesso, dinheiro e trabalho. Vocês têm razão, isso não é nada fácil. Mas perder a verdadeira simplicidade da vida é muito mais difícil. A solidão pesa e transforma pessoas em robôs, em escravos de sua própria vida. Você já assistiu ao filme de comédia “Click”, com Adam Sandler? A lição clara, embora em um contexto engraçado, é a de que viver intensamente é muito importante para nossa felicidade.
Não deixe de estar ao lado de quem você ama.
Falamos muito de dinheiro, mas ele sozinho não resolve nada. A ausência custa muito mais do que qualquer taxa de juros, seja ela de cartão ou cheque especial. Ao investir tempo ao lado de quem amamos temos as melhores rentabilidades possíveis – e de longo prazo. Teremos como recompensa a sinceridade, a honestidade e o companheirismo de quem amamos. Isso, o dinheiro não compra.
A vida é bela para quem aposta nela. Os sofrimentos a que muitas vezes somos submetidos são oportunidades de aprendermos e mudarmos. Nunca é tarde para mudar, especialmente enquanto aqueles que te amam ainda te olham nos olhos. Dedique o final de semana para analisar como anda sua relação familiar: é a oportunidade para colocar em ação sua estratégia pessoal, ser uma pessoa rica de verdade; ser uma pessoa feliz.
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Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante credenciado pelo Instituto DiSOP, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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