A produção industrial brasileira registrou estabilidade em janeiro, ficando aquém das expectativas do mercado, segundo análise do Goldman Sachs. O resultado, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (11), apontou variação de 0,0% na comparação mensal, abaixo da previsão média de 0,4% e da projeção do banco, de 0,5%. Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do banco, destacou que, apesar do “resultado decepcionante”, o desempenho setorial foi mais resiliente do que o número geral sugere.
O setor de bens intermediários recuou 1,4% em janeiro, enquanto a mineração caiu 2,4%, puxando o índice para baixo. Por outro lado, segmentos ligados ao consumo e investimento mostraram força: bens de consumo não duráveis subiram 3,1%, duráveis avançaram 4,4%, e capital goods registraram alta de 4,5%. “A composição do relatório foi mais forte do que o sugere o número agregado”, afirmou Ramos, ressaltando que a produção manufatureira cresceu 1,0% no mês, revertendo parte da queda de 1,1% em dezembro.
Na comparação anual, a produção industrial teve expansão de 1,4% em janeiro, abaixo do esperado (2,3% yoy), mesmo patamar revisado de dezembro. Dos 25 segmentos pesquisados, 18 apresentaram alta mensal, indicando certa dispersão positiva. No entanto, o carregamento estatístico para o primeiro trimestre de 2025 é negativo (-0,4% qoq sa), enquanto para o ano completo projeta-se crescimento modesto de 0,2%.
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Ramos destacou que, para os próximos meses, o setor industrial deve contar com apoio de políticas fiscais expansionistas, como transferências governamentais a famílias e aumento da massa salarial real. Contudo, alertou para “ventos contrários” decorrentes de condições monetárias mais rígidas e incertezas financeiras globais. “O balanço é de riscos mistos, mas há espaço para recuperação gradual”, ponderou.
A estagnação em janeiro reforça a volatilidade recente da indústria, que acumula três meses consecutivos de quedas até dezembro. O Goldman Sachs destaca que a retomada sustentada dependerá de reformas estruturais e da capacidade do governo em equilibrar estímulos com ajustes fiscais. Enquanto isso, o consumo doméstico segue como principal motor da atividade, compensando parcialmente a fraqueza em setores básicos.
O relatório do IBGE reforça a complexidade do cenário econômico brasileiro em 2024. Com a Selic em 10,75% ao ano e pressões inflacionárias persistentes, o desafio para a indústria será navegar entre demanda aquecida e custos elevados. Para Ramos, “a trajetória dependerá de como os agentes econômicos reagirão à combinação de estímulos e restrições financeiras”. A expectativa é de crescimento tímido, com o PIB industrial projetado para avançar 0,2% em 2025, segundo o Goldman Sachs.