A posse de Gleisi Hoffman, ex-presidente do PT, para a Secretaria das Relações Institucionais (SRI) incomodou o mercado financeiro e alguns analistas políticos. As duras declarações nos últimos meses levantaram dúvidas sobre a sua habilidade de liderar negociações com o Congresso.
Em seu discurso, no entanto, Hoffman buscou um tom de conciliação direcionado às lideranças, em especial os presidentes das duas Casas, e a Fernando Haddad. Prometeu diálogo com o Congresso e cumprimento dos acordos fechados com as lideranças.
“É evidente que Gleisi Hoffman terá uma postura diferente na SRI do que teve durante o período que exerceu a presidência do PT. Deixará de lado a combatividade para apostar na negociação e no diálogo. É equivocada a ideia de que Gleisi não tem preparo ou perfil para conduzir conversas com as lideranças políticas do Congresso”, afirma a LCA Consultores em um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira e obtido pelo Dinheirama.
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Segundo a consultoria, contudo, o problema da indicação de Gleisi para a SRI não é esse.
“A questão é que sua presença na SRI acentuou o caráter petista da atual administração em um momento de queda da popularidade do governo e de ameaças de debandada de aliados do centrão. Nesse contexto, e também mirando a necessidade de construir alianças para 2026, a reforma ministerial apropriada para o momento deveria ampliar o espaço do centrão no governo”, pontua a LCA.
Por enquanto, não é isso o que ocorreu.
“Outras mudanças ministeriais ainda devem ocorrer, mas mudarão dificilmente a percepção de que o governo Lula ficou ainda mais petista. Por exemplo, as especulações a respeito da possibilidade de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco assumirem ministérios murcharam nas últimas semanas”, ressalta a consultoria.
Quanto à Haddad, é certo que Gleisi não irá mais criticar publicamente o ministro e sua política econômica “austericida”.
“Mas Gleisi assumirá uma posição de muito poder dentro do governo, capaz de qualificá-la para servir de contraponto a Haddad junto a Lula, pois ela e o ministro da Fazenda têm evidentemente visões diferentes a respeito de qual seria a política econômica ideal para o governo. E a divergência tende a se acentuar à medida que 2026 se aproximar”, explica a LCA.