O quarto trimestre de 2024 trouxe resultados abaixo das expectativas para a Natura (NTCO3), com receitas acima do projetado, mas impactadas por “custos de transformação” e despesas relacionadas à Avon International, conforme análises do banco Safra e da XP Investimentos. As ações derretem quase 30% em reação ao resultado.
Segundo os analistas Vitor Pini, Renan Sartorio e Tales Granello, do Safra, “este foi um resultado negativo para a Natura no quarto trimstre”. O crescimento da receita líquida de 63% em relação ao ano anterior foi compensado por margens pressionadas e um Ebitda contábil negativo de R$ 140 milhões. Além disso, as despesas não recorrentes somaram R$ 820 milhões, incluindo R$ 472 milhões ligados ao Capítulo 11 da API.
Do lado da XP Investimentos, Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer destacaram que “a lucratividade foi o ponto negativo”. A margem bruta caiu 20 pontos-base, enquanto a margem Ebitda ajustada recuou 2 pontos percentuais, influenciada pela reclassificação de investimentos em TI e royalties da Avon.
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A marca Natura apresentou desempenho positivo, com crescimento de 21,1% no Brasil e 33,5% na América Latina Hispânica, conforme os dois relatórios. No entanto, os analistas do Safra ressaltam que “o bom desempenho da Natura não foi suficiente para compensar os resultados arrastados da Avon”, que registrou queda nas vendas em mercados-chave.
Para a XP, o cenário da Avon é ainda mais preocupante. “A Avon CFT teve um desempenho mais ameno, com o Brasil estável e quedas significativas na América Latina Hispânica”, afirmam os analistas da corretora. Especificamente, sem a Argentina, as vendas teriam caído 16,5%.

Outro ponto destacado pelos dois bancos foi a redução no número de consultores. O Safra aponta uma queda de 10,6% no total de consultores ativos, enquanto a XP observa que a base “permaneceu estável em relação ao trimestre anterior, embora ainda esteja em declínio anual”. Ambos atribuem isso à implementação da Onda 2, estratégia que busca aumentar a produtividade individual.
Os custos de transformação continuam pesando nos resultados. Para o Safra, “esses custos, que somaram R$ 260 milhões no trimestre, devem persistir em 2025”. A XP complementa, afirmando que “investimentos em TI, migração de fábricas e a expansão da Onda 2 continuarão pressionando as margens”.
Apesar dos desafios, houve avanços no fluxo de caixa. O Safra destaca que “a dívida líquida diminuiu substancialmente, principalmente pela eliminação de R$ 681 milhões em dívidas intercompanhias”. Já a XP menciona que, excluindo os efeitos da API, o fluxo de caixa livre ficou positivo em R$ 260 milhões.
Sobre a Avon Internacional, os analistas concordam que os resultados seguem pressionados. O Safra avalia que “ainda há incertezas sobre a possível venda ou descontinuação do ativo”, enquanto a XP aponta que “uma reestruturação acelerada está sendo planejada para minimizar desembolsos de caixa”.
As análises também destacam aspectos promissores. O Safra cita “despesas de holding em queda” e “ganhos logísticos esperados para 2025”, enquanto a XP menciona “resultados promissores em categorias como maquiagem e cuidados com a pele”.
Por fim, ambos os bancos mantêm uma visão cautelosa. O Safra reitera sua recomendação neutra, citando “uma avaliação cara de 12,4 vezes o múltiplo sobre o preço sobre o lucro (P/L) projetado para 2025”. A XP, por sua vez, enfatiza que “a administração precisa entregar melhorias consistentes em receita, margens e fluxo de caixa livre para recuperar a confiança dos investidores”.