Todos os dias, milhões de informações trafegam pela internet, pelos jornais, pela TV e rádio. Sempre acreditei que um dos grandes diferenciais entre as pessoas bem sucedidas e as não tão bem sucedidas é o uso que elas fazem da informação – além de como ela é obtida. É importante valorizar o momento e a pessoa que detém a informação com exclusividade, mas também a forma com que ela é transformada em valor agregado e em resultados.
Hoje sabemos que o vazamento de informações pode se transformar em caso de polícia – existem grampos em telefones, espiões industriais e tudo mais. Vejamos um exemplo: o caso da Operação Satiagraha é um elo de informações roubadas e jogadas de acordo com a necessidade do momento. Os investigados e o investigador passam hoje pelo crivo da sociedade, afinal a democracia é assim. Ou deveria ser.
Trazendo a discussão para o aspecto financeiro, cabe lembrar que tivemos casos interessantes de vazamento de informações relevantes em aquisições, fusões e vendas de empresas. Vazamentos, inclusive, que serviram para alguns fazerem fortunas. Hoje se sabe que a CVM faz uma fiscalização dura sobre informações privilegiadas e “marca em cima” quem tenta burlar as regras do jogo.
Na minha vida profissional, vivi uma situação interessante. O ano era 1997 e o mês, outubro. Recém contratado no Banco Garantia, vi de perto um dos bancos mais emblemáticos da história do Brasil passar por problemas de liquidez justamente por interpretar e se utilizar de uma informação de maneira equivocada.
Existiam informações, por parte dos operadores do banco, que davam conta do fortalecimento do país; tratavam-se de dados econômicos. O banco se antecipou à divulgação dos resultados e se “montou” em títulos da dívida. Menos de 24 horas após a operação financeira, estourou a crise financeira do Sudeste Asiático. Pronto, os títulos dos países em desenvolvimento foram extremamente afetados.
Por não utilizar fielmente uma ou outra informação, o banco que era conhecido por nunca perder (aliás sempre ganhava muito) enfrentou um grave problema de liquidez. Pelas palavras do próprio Jorge Paulo Lehman, o banco perdeu US$ 115 milhões e, em menos de 24 horas, precisou encontrar US$ 500 milhões. Lembro que foram dias difíceis e o próprio Jorge Paulo desceu à mesa de operações. Fui testemunha.
Como você lida com as informações?
Essa experiência que relatei mostra como as informações são importantes. Mas, mais do que apenas tê-las e dominá-las, é importante entender qual sua dinâmica em relação aos negócios que você pretende realizar. Você é passivo diante das informações ou gosta de ir a frente e fazer delas verdadeiros ativos que lhe trarão dividendos futuros? Como as interpreta?
Informações muitas vezes podem ser traduzidas como “oportunidades”, principalmente quando lembramos que vivemos em um mundo conectado e disponível através da Internet – onde a distância é pouco importante e tudo acontece em tempo real.
Educação Financeira é também saber tratar a informação
Comecei a pensar no paralelo entre riqueza, felicidade e independência financeira. Por que algumas pessoas lidam com o dinheiro melhor do que outras? Você já parou para pensar isso? Este cidadão com as finanças mais prósperas tem acesso e interesse maior pelas informações sobre o assunto disponíveis por ai? Sem dúvida, mas há quem ainda duvide disso.
É interessante pensar que o dinheiro circula livremente em nossas mãos. Ele vem, vai, compra isso, se transforma naquilo e evapora. Ora, é óbvio que quem transforma informação em conhecimento aprende a guardar dinheiro e a retê-lo dentro de sua caixa de oportunidades, além de investi-lo e, desta forma, multiplicá-lo. Quem se informa valoriza o planejamento.
A educação financeira é um verdadeiro modo de viver, um estilo de vida. Conceitos e informações simples terão sempre novos significados e abrangência maior para quem conhecer as finanças e respeitar o dinheiro. E há sempre algo mais interessante há fazer com a informação sobre este ou aquele dado financeiro de seu interesse. Educação financeira é aprender a conviver com a importância das finanças no cotidiano. Como você lida com o tema?
Incentivo à prestação de serviços sociais
A Empresa Junior do Centro Universitário São Camilo em São Paulo, comandada pela Professora Ana Cristina Pereira, se propôs a realizar a Declaração de Imposto de Renda 2008/2009 de qualquer cidadão interessado e que não tenha experiência com o Leão. Em troca, os interessados devem levar dois quilos de alimentos não perecíveis, que serão doados para instituições carentes. Para conhecer melhor a iniciativa e colaborar, veja o material de divulgação oficial.
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Ricardo Pereira é educador financeiro e palestrante credenciado pelo Instituto DiSOP, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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