Sim, o noticiário brasileiro todos os dias fala nessa palavrinha que ninguém gosta: inflação. E há bons motivos para isso, afinal, esse monstro chega manso, vai ficando nervoso, e se ficar descontrolado, pode destruir a economia de um país (veja a Venezuela, por exemplo).
Por isso é tão importante você unir o conhecimento sobre inflação e investimentos, de tal forma que consiga proteger o seu patrimônio do fogo do dragão. Vamos falar um pouco sobre isso então.
Conceitos básicos sobre inflação
A taxa de inflação é a variação percentual de custo em um período em relação a outro. De maneira simplificada, a existência de inflação mostra a diminuição do poder de compra do seu dinheiro. Se há inflação, seu dinheiro vale menos.
No ano passado, a inflação medida pelo IPCA, o índice oficial do Brasil, chegou aos “assustadores” dois dígitos, ao ficar em 10,67%. Se seu salário teve um reajuste de apenas 8%, por exemplo, você perdeu dinheiro, isto é, seu aumento não foi suficiente para acompanhar a alta dos preços dos produtos e serviços.
E a mesma lógica vale para os investimentos. Não adianta pensar que sua alocação de recursos foi boa simplesmente porque você conseguiu aumentar o patrimônio. É preciso, antes de tudo, superar a inflação.
Muitos leitores nos perguntam por que dizemos que deixar o dinheiro na poupança tem significado perder dinheiro nos últimos tempos. Ora, se a inflação sobe mais do que o rendimento da poupança — o de 2015 —, você não teve um ganho real. Ganho real?
Rendimento nominal e rendimento real
Para analisar sua carteira de investimentos, é fundamental analisar sempre os rendimentos nominal e real de suas aplicações. O rendimento nominal é o resultado bruto de uma aplicação em determinado período, sem levar em conta a inflação. Já o rendimento real desconta as perdas com a inflação, ou seja, ele mostra o resultado efetivo de seu investimento, se de fato houve lucro na aplicação.
E como calcular o retorno real? Sabemos que este é o instinto natural, mas aviso: não adianta simplesmente subtrair a inflação do rendimento da aplicação, ou seja: 8,07% (variação da poupança em 2015) menos 10,67% (variação do IPCA em 2015). Mas fique calmo, o cálculo para descobrir a taxa de juro real é simples.
Apliquemos a fórmula para descobrir o rendimento real da poupança no ano passado.
Rentabilidade real da poupança em 2015 = [(0,0807 + 1) / (0,1067 + 1)] – 1
Rentabilidade real da poupança em 2015 = [1,0807/1,1067] – 1
Rentabilidade real da poupança em 2015 = -0,023, ou -2,3%
Logo, a poupança registrou perda real de 2,3% no ano passado, o que mostra o motivo de nossa recomendação para buscar aplicações mais vantajosas.
Domando o dragão
Não adianta ficar resmungando que o dragão, ou melhor, a inflação, está prejudicando seu patrimônio e suas aplicações. Há investimentos que garantem a reposição dos custos, ou seja, você consegue garantir a correção pela inflação e ter rentabilidade real. É assim que domamos o bicho.
Existem, no mercado brasileiro, algumas opções de investimentos cujos rendimentos acompanham parcialmente a variação de índices de inflação, como alguns CDBs, LCIs, fundos de investimento, debêntures e títulos públicos.
Mesmo na renda variável (bolsa de valores, fundos de investimento em ações, etc) é possível procurar certa correlação entre o retorno das aplicações e a inflação. Ainda que os preços das ações estejam sujeitos a uma série de fatores e que não haja garantia de determinado retorno, há empresas com modelos de negócio que capturam o efeito da trajetória da inflação em suas receitas. É o caso de companhias reguladas e de concessionárias de serviços públicos, com cláusulas de reajustes anuais das tarifas em seus contratos.
A situação também se aplica aos fundos imobiliários, por conta do reajuste dos preços dos aluguéis de imóveis por índices de inflação, mas, novamente, esses são ativos sujeitos a diversos fatores que, assim, como ocorre com as ações, influenciam os preços das cotas negociadas em bolsa.
Qual o melhor jeito de domar a fera?
Mesmo com esse leque amplo de opções, são os títulos públicos, mais especificamente o Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) e o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B), as principais referências no Brasil para se proteger da inflação.
A rentabilidade desses papéis funciona da seguinte forma: uma parte é composta por uma taxa predefinida no momento da compra do título, e a outra fatia corresponde à variação do IPCA. Isso significa dizer que, se você carregar o título público até o vencimento, vai acompanhar a variação dos preços ao longo do período. Não fará diferença para seu portfólio se o IPCA disparar, porque você terá travado esse acompanhamento da inflação.
Dragão ficando manso? Será?
Nos últimos dois meses, a inflação surpreendeu positivamente os economistas, ao desacelerar e ficar abaixo do previsto. Em fevereiro, o IPCA subiu 0,90% e, em março, a alta foi de 0,43%. Ainda assim os títulos públicos como o Tesouro IPCA+ continuam sendo os preferenciais quando o assunto é proteção de patrimônio com lucros reais.
Mas, com toda a volatilidade que a atual movimentação política está gerando nos preços dos ativos, fique atento a novas oportunidades e a eventuais mudanças que precisem ser feitas nos seus investimentos. Estaremos de olho também!
E antes de nos despedirmos, não deixe de clicar aqui para receber gratuitamente um relatório detalhado sobre os investimentos que vencem a inflação e outros que não cumprem com seu papel, mas que continuam sendo oferecidos, principalmente pelos bancos. Todo cuidado é pouco quando o assunto é proteger o seu dinheiro. Um abraço e até a próxima!
Nota: Esta coluna é mantida pelo Criando Riqueza, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.
Foto “dragon”, Shutterstock