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Vencer a si mesmo é o melhor investimento que você poderá fazer

por Roberto Sato
3 min leitura
Vencer a si mesmo é o melhor investimento que você poderá fazer

As emoções estão presentes no nosso dia a dia e isso pode ser observado em diferentes situações. Na tomada de decisões financeiras, este efeito também está muito presente.

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Quem nunca ouviu falar do “efeito manada”, aversão maior as perdas e menor aos riscos, otimismo excessivo, bolhas, autoconfiança exagerada, etc.

Portanto, é errôneo presumir que nós, seres humanos, somos sempre racionais.  Veja nosso comportamento em ralação ao tabaco, obesidade, compras.

Para melhor reflexão, atentemos para a fala da Vera Rita de Melo Ferreira, psicanalista e perita no assunto finanças comportamentais: “O autocontrole só existe no presente. Não existe no futuro”.

Ebook gratuito recomendado: Do Endividamento ao Investimento

Aprenda! Somos muito mais irracionais do que racionais

Falamos e prometemos muito, mas realizamos pouco. Vou começar isso ou aquilo na segunda-feira; quando ganhar melhor salário, vou investir; no ano que vem vou começar o projeto. São palavras ao vento.

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O pioneiro da economia comportamental, Daniel Kahneman, também endossa essa real irracionalidade afirmando: “Quanto mais ideias os investidores têm, mais dinheiro eles perdem”.

Somos muito mais irracionais que racionais. Temos muito mais casos de insucesso que de sucessos nos investimentos. Mas há exemplos excepcionais no mundo real.

Veja os casos de sucesso do Buffett e Barsi. Basta começar a ler um pouco a biografia de ambos para perceber o quanto o lado comportamental equilibrado, disciplinado e constante contribuiram para dar solidez a seus investimentos.

Assim, deve ter muitos outros exemplos por ai afora, de pessoas atuando com conhecimento, vida frugal e forte autocontrole.

Racionalmente podemos supor que as pessoas vão economizar a vida toda para usufruir depois na aposentadoria. Que vão gastar menos do que ganham e investir mensalmente, de forma contínua, para capitalizar os juros compostos. Não é o que acontece na prática.

Na realidade, precisam ser despertadas, empurradas, estimuladas em certa direção – para poupar, investir, ao invés de esperar que o façam por vontade própria.

A inércia está muito presente. Poucos são movidos para a ação e implementação de um hábito salutar, seja de qualquer natureza.

Leitura recomendada: Livro: Previsivelmente Irracional

Faço aqui três reflexões para visualizar a presença comportamental no nosso dia a dia, no campo das finanças:

1) É difícil modificar um hábito

Somos capazes de passar mais tempo tentando investir melhor para ganhar 0,5% acima da inflação mensalmente, do que tentar fazer corte de percentual semelhante no orçamento.

Vai de encontro com o que se observa corriqueiramente: aumento do padrão de vida na mesma proporção ou até maior que o aumento do salário.

No primeiro caso, por que não potencializar investindo melhor e também cortando gastos em todas as rubricas possíveis? E no segundo, por que não congelar o padrão de vida até que se tenha não um, mas dois aumentos de salários?

2) Somos irracionais quando fazemos investimentos

Sabemos que não há remédio que sirva para combater todas as doenças, e que aquilo que é indicado para tudo, na verdade não serve para nada.

Não há um investimento que seja útil e viável para todos. Assim como manejar a cura de uma patologia exige medida pontual, considerando as características do paciente, o manejo de suas finanças também demanda análise e decisão individual.

Definitivamente não há uma fórmula mágica para a educação financeira, assim como não há um investimento que sirva para tudo e todos.

Quanto mais conhecimento nós formos agregando junto com a experiência prática, mais iremos consolidar a nossa educação financeira, assim como melhorar os nossos investimentos.

É de grão em grão que a galinha enche o papo. É pela fundação que começamos a construção de um edifício, assim como com conhecimento e disciplina forjamos a solidez da nossa educação financeira e dos nossos investimentos sustentáveis.

Canal de vídeos recomendado: TV Dinheirama, o seu canal de educação financeira

3) Fazemos coisas com base no que vimos alguém fazer e não segundo nosso próprio juízo

Somos mais vulneráveis a seguir opiniões do que primeiro estudar consistentemente e depois decidir onde e como investir, considerando nosso perfil, objetivo e prazo disponível.

Não há uma empresa igual a outra, mesmo dentro do próprio segmento de atuação. Não há ninguém igual a você.

Então, para ser consistente, não adianta copiar e colar a estratégia de quem quer que seja. Você é único.

Você tem que adquirir e compartilhar conhecimento com todos, mas simultaneamente ir construindo uma base para que assuma o compromisso e a responsabilidade pelas suas finanças no presente e com projeção para o futuro.

Lembre que você não pilota com os olhos de outra pessoa. Você é o proprietário do seu dinheiro. Administre-o como se fosse uma empresa.

Temos assim:

  • Muita dificuldade para poupar e investir;
  • Fazer exercícios físicos regularmente e controlar o peso;
  • Alimentar de forma saudável e consumir moderadamente;
  • Ler e refletir com regularidade.

É o viés comportamental, irracional, mas verdadeiro. Está presente no nosso mundo humano muito mais do que podemos imaginar.

Leitura recomendada: Eu sou o culpado dos meus problemas financeiros?

Compras emocionais

Aliás, na prática, no tocante ao consumo, somos movidos pelas emoções. As nossas compras não são racionais.

A quantidade de cursos de marketing e vendas dá de goleada em relação aos cursos de como comprar. Não fica no 7 x 1. O placar é muito mais dramático: Dá de 70 x 1. É uma verdadeira goleada, injusta, resultando em consumidores ingênuos e despreparados.

Observe que os melhores anúncios e propagandas sempre trazem um cunho emocional marcante! Marketing em ação! É você caindo na arapuca! A economia não é uma ciência exata. É movida muito mais pela emoção.

A razão é a ponta do iceberg, ou seja, a nossa irracionalidade é a parte dominante. Até parece que ser racional significa ser potencialmente irracional.

Dessa forma, o campo da economia foi e seguirá sendo transformada pela visão comportamental que precisa ser melhor entendida, estruturada e praticada.

A verdade é que nós, seres humanos, somos mais complexos do que podemos supor.

Quanto mais compreendermos o lado comportamental e sua influência dominante nas nossas decisões econômica e financeira, maior será o avanço que daremos em direção a construção de um consumo sustentável, que poderá trazer uma longevidade com qualidade de vida.

Leitura recomendada: As perigosas técnicas de vendas que apelam para as suas emoções

 Conclusão

Como nos protegermos da irracionalidade? O primeiro passo é reconhecer que somos vulneráveis.

Que sempre somos e agimos de forma racional e irracional, e que isso é normal. Elas coexistem também nas nossas decisões financeiras, para o bem e para o mal.

É importante refletirmos que a chave do êxito não está só em teorias e ferramentas já disponíveis, mas em nós. Principalmente no nosso comportamento traduzido em hábito salutar.

Administrar os nossos impulsos e emoções em benefício de nossas finanças é um caminho individual, difícil, mas possível e transformador. Só depende da nossa decisão e ação.

Portanto, vencer a si mesmo é o melhor investimento!

Termino deixando essas recomendações de livros sobre o assunto (os três são da Profa. Dra. Vera Rita de Melo Ferreira):

  • Decisões Econômicas: Você já parou para pensar?
  • Psicologia Econômica
  • A Cabeça do Investidor

Um grande abraço e até o próximo!

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