Por Gustavo Chierighini, publisher da Plataforma Brasil Editorial.
Caro leitor, começarei com alguns esclarecimentos, acho importante contextualizar e explicar certos conceitos que envolvem o sucesso financeiro, e logo partiremos para a discussão mais importante do dia.
Você sabe o que é a Síndrome do Bunker Sitiado?
Para quem não conhece o sentido da expressão, basta um exercício de extrapolação pessoal.
Tente imaginar um contexto em que, após vivenciar o apogeu (ou ao menos pretensamente e apenas na sua cabeça), você tenha que encarar a queda, a casca de banana da qual não consegue escapar, ou até mesmo uma aniquilação humilhante.
Adicione a este cenário o “entorno ideal”, formado por assessores que amam dizer aquilo que você quer (e exige) escutar. Talvez isso aconteça porque você os intimida e exista um temor por suas reações.
Também é possível que os que estejam à sua volta não tenham nenhum compromisso com o negócio/operação, mas preocupam-se única e exclusivamente com a própria remuneração (o que inclui remuneração variável não necessariamente atrelada à solidez da empresa, mas com situações pontuais).
E é também provável que, embora eles sejam muito bem remunerados, simplesmente não tenham capacidade para formular soluções reais e concretas.
Há a possibilidade de que estejam desprovidos de imaginação e opiniões próprias, com origem na capacidade profissional. E neste caso sejam abundantes as receitas de bolo – geralmente extraídas do “lugar comum” corporativo, suas revistas, seus eventos tomados de inteligência e por aí vai.
Nesta situação imaginada, as reações são previsíveis: você passa a receber aconselhamento absolutamente incompatível com a realidade e o sucesso financeiro fica cada vez mais distante.
Pior do que isso, sem ninguém para dizer a verdade, o empreendedor ou líder (detesto a expressão líder, é um típico eufemismo corporativo barato) passa a navegar em voo cego.
Sem parâmetros ancorados ao mundo real, sem noção sobre os obstáculos que virão e eventualmente orientado apenas pela maluquice da sua própria mente solitária e “magnânima”, o capitão acredita apenas em caminhos e saídas que jamais se concretizarão, a intervalos de alguns poucos metros entre elas.
Pronto, está criado o “set” perfeito para o “Bunker Sitiado”. Em resumo, uma dinâmica retroalimentada de tiros no pé, sem nenhuma boa alma para interromper o tranco.
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O “Bunker Sitiado” e a história
Historiadores investigativos afirmam que, enquanto os soviéticos pintavam e bordavam nos arredores de Berlim, esmagando a cidade, Hitler, sitiado em seu esconderijo secreto (bunker), reunido com seu estado maior mais fiel, entoava frases de efeito e auto motivadoras.
Convocava a todos a recuperar o ânimo e retomar a ofensiva para tentar vencer a guerra de uma vez por todas. Dizem que lampião, “o Rei do Cangaço”, cercado pelas tropas federais e quase aniquilado pela fome e pela sede, comparava-se a Antônio Conselheiro e ordenava diretivas para o contra-ataque “rumo a vitória”, que jamais veio.
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A realidade é o que realmente interessa
A realidade sempre se impõe, o segredo é saber reconhecê-la a tempo. É dos efeitos desta “síndrome” que alguns grandes empresários e líderes políticos (acompanhados por equipes fiéis) provam ao se depararem com a parede sólida e áspera dos fatos.
Não seja uma vítima desta síndrome. Não se engane, a Síndrome do Bunker Sitiado estará sempre à espreita para sabotar seus negócios e investimentos, afastando-o do tão desejado sucesso financeiro.
Mas qual é a vacina? O velho bom senso pode ajudar muito. Contudo, essa resposta pode ser genérica demais. Convido, então, para detalharmos algumas atitudes que podem nos manter longe do Bunker.
Desconfie:
- Dos aplausos;
- De resultados fáceis e de processos “blindados de complicações”;
- De gente que desconsidera os cuidados ou daqueles que detestam precauções;
- De qualquer tentativa de impressionar;
- Dos megalomaníacos;
- De gente que se considera invencível;
- Quando escuta apenas aquilo que gostaria (ou aceita) escutar.
Contrate bem:
- Evite contratar aduladores;
- Fuja dos performáticos;
- Não aceite almofadinhas corporativos na sua equipe. Não ofereça espaço pela aparência ou outras superficialidades;
- Trabalhe com gente competente e corajosa;
- Selecione pessoas com personalidade, que não vão se intimidar pelo seu poder. Eles são sempre a melhor contribuição.
Cuide de suas emoções (elas podem custar caro):
- Resolva-se. Não desconte suas frustações pessoais na empresa ou nos seus colaboradores;
- Não crie um personagem de você mesmo. Se não cuidar disso, quando menos esperar, não estará mais no escritório, mas em um palco repleto de personagens;
- Gerencie a própria ansiedade. Ela pode ser o seu maior inimigo;
- Controle a raiva e os ataques de impaciência.
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Para encerrar, recomendo que seja sempre permeável ao senso crítico, afinal é justamente ele que vai salvá-lo quando (se) cair no Bunker sem perceber. Só atinge o sucesso financeiro quem ate com desconfiança, mas com atenção à realidade. Até o próximo.