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Competência também é uma questão de atitude

por Bernadette Vilhena
3 min leitura

Competência também é uma questão de atitudeOutro dia, uma leitora trouxe o seguinte questionamento: “Bernadette, meu filho não se encontra profissionalmente! Parece que não tem competência ou não dá sorte. Cursou uma ótima faculdade, fez curso de especialização e até participou de congressos. Para que? Para ficar horas em frente à televisão vendo a vida passar?”. De acordo com o relato, esse rapaz possui os conhecimentos pertinentes à sua formação e provavelmente teve suas habilidades desenvolvidas no decorrer de faculdade e em estágios.

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O que me chamou a atenção foi a questão “para ficar horas em frente à televisão vendo a vida passar?“. Bem, talvez lhe falte atitude[bb]. E nos vemos diante de uma verdade desconfortável: na maioria das vezes, as coisas não dão certo em nossa vida porque nos falta atitude! A esta altura você já sabe que a competência é formada pela intercessão entre conhecimento, habilidade e atitude.

O conceito, trazido da psicossociologia francesa, já foi explorado em meus últimos artigos aqui no Dinheirama. Agradeço a permissão da leitora ao usar seu questionamento como ponto de partida para falar um pouco sobre a outra dimensão da competência, a atitude. Segundo o dicionário Aurélio, atitude é reação ou maneira de ser. É importante dizer que ficar parado, inerte, também representa uma atitude. Concordam? Trata-se de um modo de ser que não agrega, não leva o indivíduo a realizar muitas coisas, e passa bem longe do conceito de competência desenvolvido em meus artigos.

Atitude é querer fazer. Envolve aspectos subjetivos do indivíduo, como a determinação, responsabilidade, comprometimento, sentimentos, valores e motivação. Atitude é a força que nos leva a realizar a ação; a sua falta anula as possibilidades de superação e coloca o indivíduo diante da indiferença e da inércia.

Os empreendedores e sua capacidade de fazer acontecer são um bom exemplo de pessoas com muita atitude. Conseguem ser altamente competentes no que fazem pois, além de conhecimento e habilidades específicas, o querer fazer é o fator de base para suas realizações. Já dentro das empresas, a questão da atitude é um ponto crítico para a administração, pois o desafio constante é fazer com que os processos aconteçam na forma e na velocidade necessária. Para que tudo ocorra satisfatoriamente é preciso contar com a atitude de colaboração dos funcionários.

Essa questão é uma via de mão dupla. Os gestores precisam estimular atitudes pró-ativas como, por exemplo, a adoção de um modelo de gestão[bb] mais participativa; em contrapartida, os colaboradores precisam entender as necessidades da empresa e querer colaborar. Ora, todos precisam demonstrar interesse e atitude.

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O cotidiano não é tão simples
Por que temos dificuldades em relação a atitudes positivas em nossa vida ou em nosso trabalho? O fato é que nossos processos internos são muito complexos e a atitude envolve aspectos muito bem guardados dentro de nós. É importante saber que naturalmente temos alguns limitadores do nosso potencial, como as resistências, os bloqueios e os medos. A superação dessas limitações pede uma dose extra de coragem para buscar o autoconhecimento e refletir sobre nosso universo pessoal.

Para entender melhor a “construção do querer fazer”, o escritor Tom Coelho observou a atitude “através de uma lupa”. Assim, percebe-se que ela pode ser composta por três aspectos:

  • Aspecto cognitivo: relacionado aos pensamentos e ao discernimento;
  • Aspecto afetivo: relacionado aos sentimentos, as emoções e à autoestima;
  • Aspecto comportamental: relacionado à intenção de comportamento mediante as situações.

Atitude é querer fazer - Pedagogia Empresarial

Com esse esquema, a atitude pode ser vista mais de perto e melhor compreendida. Experimente pensar e agir da seguinte forma: quando tenho consciência dos fatos, percebo a necessidade de agir e assumo um comportamento reativo positivo; consigo abrir as portas do querer fazer.

Atitude é também intenção. Essa intenção pode ou não acontecer! É preciso que esses três aspectos se equilibrem positivamente para que o indivíduo passe para o plano da ação. Percebem que a competência também é uma questão de atitude? Felizmente, está em nossas mãos o desenvolvimento de nosso potencial[bb] e o desenrolar da nossa vida.

Tudo depende da maturidade de cada um e da disposição para se reinventar sempre. Sei que essa não é uma boa notícia para aqueles que esperam fórmulas mágicas. Como diz o psicólogo indiano Krishnamurti, “Para ir muito longe, você tem que começar de muito perto; e o perto é você mesmo”. Uma ótima semana e felizes descobertas!

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Bernadette Vilhena é pedagoga empresarial, consultora em diversas instâncias da prática educativa nas empresas. Especialista em Gestão de Pessoas e estudos nas áreas de Ergologia, Gestão do Conhecimento e Educação no trabalho.

Crédito da foto para stock.xchng.

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