Existe uma frase de Oscar Wilde que, traduzida, seria mais ou menos assim: “Tanto a mais elevada quanto a mais baixa forma de crítica é uma espécie de autobiografia”. O que podemos pensar a partir dela? Ao menos que, quando critico alguém, estou mostrando mais de mim mesma do que da pessoa que estou criticando. Já pensou nisso?
Resolvi escrever sobre o tema pois penso que estamos vivendo tempos complicados. A intolerância está presente tanto na vida virtual quanto na vida real. Ontem mesmo vi um ciclista bater em um pedestre porque este o repreendeu por atravessar no farol vermelho com a bicicleta.
E na internet, ao mesmo tempo em que há necessidade constante de se dar a cara a tapa para ser reconhecido, cada frase, opinião, foto ou vídeo que postamos pode acarretar uma série de críticas e discussões totalmente sem sentido. Não se trata de crítica construtiva, ressalto, que pode ser muito positiva! Mas de crítica à aparência, não ao comportamento; de crítica visando à humilhação, não à melhoria.
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Outro dia, em um grupo no Facebook, uma menina postou a foto do cabelo que havia acabado de pintar. Seria apenas mais uma foto, não tivesse despertado a ira de várias integrantes do grupo que diziam que o “loiro” não era perolado como ela citava, mas “dourado”, e que passaram, em apenas alguns minutos, a execrar a menina, chamando-a por todos os nomes mais horríveis. Certamente você já viu várias situações assim nas redes sociais.
O PHD Steven Stosny, autor de diversos livros relacionados à fúria e problemas de relacionamento, além de fundador do programa CompassionPower, explica que as pessoas mais críticas geralmente sabem que a crítica que não é construtiva não funciona, mas continuam fazendo como uma forma de defesa do ego. As pessoas mais críticas também tendem a ser mais facilmente insultáveis, sendo que gostam de criticar, mas em geral não aceitam críticas, e é aí que a confusão começa.
Um blog no Yahoo chegou, inclusive, a fazer uma pesquisa para tentar entender o porquê das pessoas serem tão críticas nas redes sociais de celebridades. Algumas das razões apontadas foram:
- Para deixar de lado a infelicidade e o descontentamento que elas sentem nas próprias vidas, projetando algo negativo no outro;
- Para expressar raiva e desilusão quando alguém que admiram revela imperfeições;
- Porque sentem ciúme por não terem fama, posição ou riqueza assim como quem está nas redes sociais;
- Para tentar superar a baixa autoestima agindo de forma superior aos outros e os colocando para baixo;
- Porque sentem que seus valores foram violados e precisam ser defendidos, não importando se isso faz sentido ou não.
Você sabia, inclusive, que a imagem que vem construindo na internet pode prejudicar até mesmo a sua reputação em muitas oportunidades? Boa parte das empresas, em seus processos de recrutamento, também pedem links para redes sociais. E você mesmo, vai dizer que não dá uma olhadinha no perfil da pessoa antes de fechar algum trabalho, parceria, ou afins? Já experimentou digitar seu nome no Google para ver o que aparece?
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Um estudo acadêmico entitulado “O uso das redes virtuais nos processos de recrutamento e seleção” descobriu que, entre as agências de recrutamento participantes, a maioria enfatizou que dentre as características positivas que influenciam significativamente no processo estão o cuidado com a imagem pessoal e a exposição excessiva de informações irrelevantes a terceiros. Também ressaltou a importância de se promover um perfil claro, objetivo e dinâmico, mostrando que tende a ser um profissional com boa vontade, fácil convívio e adaptável às mudanças.
Entre os comportamentos indesejáveis, além dos erros de ortografia, foram citados a demonstração de tendências preconceituosas e ofensivas ou discussões sobre tópicos polêmicos. Esses comportamentos, segundo as agências, podem interferir e até mesmo decidir o futuro de um candidato em um processo de recrutamento e seleção.
Não estou dizendo com tudo isso que, apenas por conta de construção de imagem, precisamos mudar totalmente quem somos, mas propondo uma forma de autoavaliação para que possamos entender o quanto realmente estamos sendo nós mesmos ou entrando em discussões e críticas sem sentido apenas para seguir a multidão.
Afinal de contas, faríamos isso se estivéssemos sozinhos conversando com amigos ou não? Aceitaríamos que eles podem pensar diferente e está OK desta forma? Precisamos criticar tudo que alguém posta em sua própria página pessoal? Que tal experimentarmos pensar um pouco mais antes de insultar alguém?
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Finalmente, é sempre válido também pensar em como encaramos as críticas que têm razão de ser, aquelas que até podemos não gostar na hora, mas que podem ser construtivas para que possamos melhorar em uma série de aspectos. Neste caso, agradeça o feedback e aproveite para fazer uma reflexão. Ainda que, em princípio, a crítica possa parecer não ter sentido, estar aberto é sempre a melhor forma de crescer!