Em meus últimos artigos postados neste espaço e, principalmente, em outras fontes que utilizamos (vídeos e artigos diários) tenho me posicionado sobre a favorabilidade de os investidores ampliarem um pouco suas posições de risco na composição de suas carteiras.
Faz tempo que diagnosticamos a insatisfação de clientes com a renovação de suas aplicações em renda fixa, dado o contexto de redução das taxas de juros. Quando vemos o volume das aplicações em poupança (cadernetas) novamente crescer e se tornarem até competitiva com outras aplicações, alguma coisa parece bem errada.
Na verdade, os investidores já tinham se acostumado com remunerações em renda fixa ao redor de 100% do CDI, e na renovação das aplicações está ficando complicado obter até 90% do CDI. Isso claramente gera insatisfação, mas o contexto mudou bastante nos últimos meses. Assim, remunerações maiores só assumindo mais parcelas de risco. O exemplo sempre citado é aquele da impossibilidade de se desfrutar de segurança, liquidez e rentabilidade na mesma aplicação. Vai sempre ficar faltando uma ou duas variáveis.
Maiores retornos apenas com mais riscos
Assim, maior retorno somente será possível com a assunção de maiores riscos, ainda que restritos a própria renda fixa. O investidor terá que buscar aplicações em LCIs e LCAs (são isentas de tributação), mas o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) só cobre até R$ 250 mil. O mesmo acontece com as aplicações em CDBs, onde ao aplicar em instituições de segunda ou terceira linha que fornecem mais retorno, fica implícito mais risco. Além disso, os prazos devem ser mais longos para reduzir a alíquota de imposto incidente.
Com o mesmo raciocínio, podemos incluir o segmento de debêntures, notadamente as de infraestrutura (também isentas de imposto) que exigem ainda mais cuidados com o risco de crédito do emissor e atenção com o fato de não serem parametradas. Portanto, exigem ainda conhecimento das garantias fidejussórias, atenta leitura das cláusulas e ainda contar com a possibilidade de não se ter liquidez antes do vencimento ou eventual renegociação.
Mas existem outras alternativas que podem ser acessadas com alguma tranquilidade. Os fundos de renda fixa podem gerar retornos próximo de 100% do CDI ou até acima (bruto), bastando avaliar o histórico de consistência dos gestores dos recursos, volatilidade e taxa de administração cobrada. Podemos incluir ainda os fundos multimercados de baixa volatilidade (consta do regulamento dos fundos), sempre destacando que performance passada não implica em garantia de performance futura, mas é sempre uma boa indicação.
Renda variável: o momento de pensar em bolsa de valores
Partindo para mais volume de risco teríamos os fundos de ações e a aplicação direta em bolsa de valores. É nisso que queremos nos concentrar. Qualquer melhora da situação econômica local e principalmente do quadro político vai significar melhora de atitude dos gestores de recursos e segurança para assumir parcelas adicionais de risco. Nesse cenário, vamos encontrar investidores vazios ou nos limites mínimos de carregamento de posições, ou ainda travados por operações com derivativos. Sem haver grande volume de novas emissões de ações, os ajustes irão ocorrer preponderantemente nos preços dos ativos, impulsionando o mercado no sentido da alta.
Como as expectativas dos agentes está ficando um pouco mais positiva, já é possível coletar não só mudanças de atitude em relação à renda variável, mas também nas projeções do mercado.
Alguns gestores de recursos já trabalham com projeções do Ibovespa em 2018 acima de 85000 pontos, enquanto outros mais comedidos na casa de 77000 pontos. De nossa parte, já vínhamos detectando isso desde quando o índice estava trabalhando ao redor de 60000 pontos, e seguimos bem confortáveis com o patamar atual de 71000 pontos e expectativa de superar o recorde histórico de 2008, pouco inferior aos 74000 pontos.
Uma conta simples indicaria que do recorde obtido em maio de 2008 estaríamos defasados em cerca de 50%, quando corrigido pelo dólar ou pelo IPCA. Enquanto isso, outros mercados como o americano, tem batido sucessivos recordes.
Portanto, reforçamos que é hora de assumir mais riscos em suas aplicações, porém após criteriosa seleção das aplicações. Lembre-se que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
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