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Mês das crianças ou mês da poupança?

por Álvaro Modernell
3 min leitura

Álvaro Modernell - Educação FinanceiraÉ notável como certas épocas do ano são mais propícias para algumas coisas. Em fevereiro, tem Carnaval, como diz Jorge Benjor, desde quando ainda era Jorge Ben. As noivas querem casar em maio – os noivos geralmente no ano seguinte. Dezembro é o mês das festas. E outubro, além do dia das crianças e o dia dos professores, caprichosamente também tem o dia da poupança. Três das coisas mais importantes das nossas vidas. Chego a pensar que isso é uma conspiração do Universo, como diriam os adeptos da teoria da atração. Pode ser que em outubro muita gente venha a descobrir o famoso “segredo”. Tomara que este artigo possa auxiliar.

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A novidade para muitos é que no dia 31 de outubro comemora-se, no Brasil e no mundo, o dia da Poupança, estabelecido em 1924, durante um congresso internacional de Economia, na Itália. A partir de 1933 passou a ser também considerado no Brasil o dia nacional da Poupança.

E qual a relação entre uma coisa e outra? Quem não percebeu isso de cara possivelmente ainda não despertou também para a importância da educação financeira infantil, para que não sofram dos problemas causados pela falta desse fundamento educacional que muitos adultos sofrem. Talvez até você, caro leitor, hoje esteja numa situação financeira desconfortável ou não tenha uma boa noção do seu patrimônio líquido, desconheça o peso de cada despesa no seu orçamento, não possua renda passiva ou considere o seu futuro financeiro uma incógnita. Certamente você, assim como eu e qualquer pai ou mãe, quer um futuro melhor para seus filhos.

Foi-se o tempo que dinheiro e finanças não eram assunto de criança. A educação financeira está iniciando, como deve ser, cada vez mais cedo e de maneira mais abrangente. Ainda de maneira incipiente, é verdade. Mas o importante é que a mudança já começou. Os tempos de inflação – inimigos mortais do planejamento financeiro, já são parte da história. Nossos filhos têm que ser preparados para essa nova realidade. Ainda mais porque, entre a década de 80 e os tempos atuais, a longevidade prevista da população brasileira aumentou em mais de dez anos e capacidade de atendimento da previdência oficial, ao contrário, ficou ainda menos digna. Cada um tem que se prevenir por conta própria. Senão, vai sobrar vida para pouca previdência, como hoje sobra mês para o salário de parte da população.

E de quem é a tarefa de conduzir a criança nesse aprendizado? Mais uma vez famílias e escolas devem se unir. Uma complementando a outra. Outra das mudanças sociais que afloraram nas últimas décadas. Pais e mães passam cada vez mais tempo dedicados ao trabalho, aos estudos e à luta pela sobrevivência financeira. E às escolas foram passadas novas atribuições e delas está sendo exigido muito mais do que alfabetização e o cumprimento da grade escolar. Educação ambiental e educação financeira estão sendo incorporadas ao cotidiano das escolas. Não há mais como ficar de fora.

E os pais? Como fazer para abordar esse assunto tão delicado com as crianças, quando às vezes nem mesmo os adultos da família estão preparados para lidar com o dinheiro e as contas da casa. A primeira dica é abordar o assunto com naturalidade, e desde muito cedo, ainda em forma de brincadeira. Cofrinhos são o melhor instrumento para começar. Mesmo que inconscientemente as crianças já assimilam princípios financeiros como guardar para ter e poupar para investir.

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Livros infantis dirigidos, ainda escassos, e jogos como o tradicional Banco Imobiliário podem ser excelentes aliados. Aliás, nos Estados Unidos, berço da educação financeira, atualmente pode-se encontrar dezenas e dezenas desse jogo, customizados ao gosto do freguês. Há desde versões das bonecas Barbie até dos chocolates M&M. E naquele país, se estão produzindo para vender, é porque tem gente comprando. É isso o que nós brasileiros também temos que fazer: investir em educação financeira, mesmo sendo em tom de brincadeira.

Por isso, aproveitemos o mês de outubro para pensar ainda mais em nossas crianças, especialmente no futuro delas. Um bom momento para pensar na educação financeira delas. No dia das crianças, junto com brinquedos e doces, não se esqueçam de acrescentar livros na cesta de presente. Os professores, pilares fundamentais da sociedade, também precisam se reciclar nesse assunto. Educação financeira deve ser dada em casa e na escola, na escola e em casa. E sempre que houver oportunidade.

Por fim, sem esquecer do lado espiritual, também no mês de outubro, dia 16, comemora-se o dia de Santa Edwiges, protetora dos pobres e endividados. Como não existe uma única saída para cada problema, um pouco a mais de fé também pode ajudar. Talvez seja esse o segredo. Mas para garantir que ele venha a funcionar, faça a sua parte. Leia, informe-se, estude. E não esqueça de repassar seus conhecimentos a seus filhos. O futuro financeiro deles está nas suas mãos.

Feliz mês das crianças! E da poupança.

Álvaro Modernell
www.edufinanceira.com.br
01/10/2007
Ilustração: Cibele Santos

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