Nem sempre temos como fugir a determinados acontecimentos. Pode ser um período de estresse extremo no trabalho, dívidas financeiras, um problema de saúde. Neste caso é preciso enfrentar e usar a experiência como algo que nos seja favorável depois, aproveitando, inclusive, para rever caminhos e recriar propósitos se for o caso. Para falar sobre o tema, conversei com a terapeuta e palestrante motivacional Fernanda Temple, da Motivação e Equilíbrio.
Fernanda explica que cada adversidade pode ser uma pedra ou uma ponte, que ajuda a extrair o nosso melhor. Ela também ressalta a importância do autoconhecimento para trilharmos um caminho de satisfação pessoal. “As pessoas questionam quanto dinheiro precisam para ser felizes, por exemplo. Mas enquanto buscarem a resposta em parâmetros externos nunca vão encontrar”. Confira o papo!
Como lidar com uma adversidade da melhor forma?
Fernanda Temple: A primeira coisa é reconhecer que há um problema. Depois, o mais importante é não ficar parado no problema. Quando adotamos a postura de vítima estamos energizando o problema e não a solução. É importante, portanto, ter uma estratégia eficiente para que consigamos lidar com a adversidade. A pessoa pode até buscar ajuda de um terapeuta, de um coach, de alguém para ajudá-la. O importante, por mais que seja difícil, é manter a tranquilidade para encontrar o melhor caminho para se ajudar. Reclamar só fará a pessoa andar em círculos.
Depois que o problema passa, devemos tentar tirar lições relacionadas a ele?
F.T.: Podemos lembrar que o problema pode ser visto como uma pedra ou como uma ponte, extraindo o melhor de nós. Neste segundo caso, conseguimos enxergar que houve um caminho com algum sentido através dela. Compreendemos inclusive que uma adversidade pode servir para extrair o nosso melhor e movimentar a nossa energia, que até então estava estagnada. Ou seja, pode ser uma mola propulsora. Alguns talentos nossos, vale lembrar, só são movimentados em situações de risco.
Muitas vezes na vida é preciso descontruir para reconstruir da forma correta?
F.T.: Certamente! Muitas vezes estamos indo na direção contrária às nossas necessidades reais. Outras vezes comparamos o que é ideal a partir de um patamar de fora e não de dentro. O princípio de auto-observação é fundamental. Algumas situações pedem que a pessoa façam uma descontrução ou enterramento de algo. Algumas coisas de fato não têm conserto. Em alguns momentos a pessoa vai ter que deixar uma atitude anterior e começar um novo caminho de risco, totalmente novo, ou seja, vai ter que enfrentar o medo para conseguir construir algo sólido que faça sentido, entende? Neste caso há todo um processo de investimento em alta confiança, que é importante para que a pessoa não volte atrás.
Como sei que estou no caminho certo?
F.T.: É preciso escutar seu próprio ser, suas próprias ideias. Não se deve buscar referências externas somente. As pessoas questionam quanto dinheiro precisam para ser felizes, por exemplo. Mas enquanto buscarem a resposta em parâmetros externos nunca vão encontrar. É preciso achar a sensação de paz interior e preenchimento das próprias necessidades para saber que está no caminho. Às vezes é preciso, inclusive, mudar um caminho que funcionou até ali, mas não funciona mais. Dá para perceber isso quando brigamos demais com a própria vida. Neste caso, é preciso entrar em um processo de autoaceitação e descobrir as respostas no meio do caminho. Ressalto que não tem receita. Cada um precisa trilhar seu próprio caminho. As experiências de terceiros até podem ajudar, mas nem todas funcionam para todo mundo.
Quais os principais dilemas relacionadas a carreira e dinheiro considerando os casos que costuma atender?
F.T.: Eu diria que mesmo que os problemas sejam relacionados a carreira ou dinheiro, a causa real é a falta de um propósito para a vida. É encontrar o que faz sentido para a vida e alcançar a autoconfiança que vai trazer a qualquer um a capacidade de dizer sim e não para as coisas que serão boas ou não para a sua historia. É preciso se libertar do que não faz bem para achar um caminho que faça sentido. Tem gente com carreiras sugeridas pelos pais ou pela sociedade por conta de estabilidade financeira, mas no dia a dia percebe que não faz o menor sentido por exemplo. Também há muita aflição relacionada a dinheiro. Apesar de educação financeira ser super importante, o medo paralisa muito as pessoas, que ficam energizando a falta, têm medo de que vai acontecer algo prejudicial. Ou seja, as pessoas ficam escravas dos medos, não acreditam nos próprios talentos, que poderiam, inclusive, gerar prazer na profissão e dinheiro. Muita gente é frustrada e infeliz por ter medo e falta de autoconfiança.
Finalmente, quando procurar ajuda profissional?
F.T.: Todas as pessoas deveriam procurar um aliado em algum momento. Estamos interconectados. Sempre alguém poderá te oferecer algo que você tem menos. Deve-se procurar ajuda quando achar que precisa de motivação pessoal, que precisa melhorar a organização do seu sistema de vida. Às vezes a pessoa está confusa, vivendo a vida de forma acelerada e sem propósito. É preciso lembrar que estamos aqui para sermos felizes também, não apenas para pagar contas. É preciso responder a seguinte questão: “Como posso extrair felicidade e bem estar em cada coisa na minha vida? Vale inclusive para dinheiro”.