Uma aceleradora que conecta mães empreendedoras ao ecossistema de inovação: esta é a B2Mamy, cuja proposta inicial surgiu a partir de dados da consultoria Robert Half que revelam que, em 85% das empresas brasileiras, menos da metade das funcionárias retornam à vida profissional após a licença maternidade.
Não é à toa, portanto, que a cada 100 novas empresas criadas do Brasil, conforme a Rede Mulher Empreendedora, 52 são abertas por mulheres, e mais de 50% delas têm filhos. “Acreditamos que uma mãe pode encontrar um caminho de equilíbrio entre sucesso profissional e participação ativa na educação e criação dos filhos e é para isto que trabalhamos”, afirma Dani Junco, CEO da B2Mamy.
Confira a entrevista exclusiva com a Dani para o Dinheirama.
Como você define a B2Mamy e sua importância como aceleradora de empreendimentos?
Dani Junco: A B2Mamy é a primeira aceleradora que prepara e conecta mães empreendedoras ao ecossistema de inovação e startups. Mais de 75% das mulheres passam a empreender após a maternidade. Só que o mundo sofreu uma mudança brusca com a quarta revolução industrial e suas tecnologias e as novas empreendedoras devem se adaptar a nova economia, modelo de negócios, novas mídias e experiência do usuário. A nossa importância é conduzir as mães em uma jornada a esse novo formato, tudo isso com um senso de pertencimento nunca visto.
Qualquer mãe empreendedora pode participar do programa ou vocês fazem uma seleção? Quanto custa participar?
D.J.: Sim, qualquer mãe que tenha uma ideia para a qual seja possível imprimir tecnologia, automação e escala. O programa tem a duração de 04 meses e depois elas continuam como Alumnis do Pulse em novas atividades e eventos. O custo para o programa presencial é de R$ 5.000,00 e R$ 3.000,00 para o online.
Você poderia falar um pouquinho sobre a metodologia de aceleração que vocês criaram? Como funciona?
D.J.: A metodologia é própria com o apoio e revisão do Google Launchpad. Elas passam pelos principais pilares desde validação até canais de tração. Tudo isso usando metodologias ágeis. Nosso objetivo é que elas coloquem os projetos na rua rápido e comecem a faturar.
Além da orientação aos projetos, vocês também ajudam com relação à obtenção de investimento e crescimento sustentável dos projetos selecionados, é isso?
D.J.: As empresas que passam para a fase operacional focada em tração temos um programa a parte chamado Growth with B2Mamy. Nesse programa com mentores sênior temos o objetivo que elas passem a ficar prontas para possíveis rodadas de investimento.
Como é o desafio de ajudar mulheres que já são mães a empreender? O quão importante você considera?
D.J.: O principal desafio é o equilíbrio da vida pessoal e profissional. Elas encontram na B2Mamy uma rede de apoio não só para empreender, mas para se relacionar. É clara a vontade de estarem sempre perto tratando a solidão de empreender e de maternar. É um espaço seguro, assim elas conseguem ter voz.
Em outra entrevista pra você disse que empreender não deveria ser visto apenas como uma alternativa para quem está sem trabalho, mas algo para quem tem uma boa ideia. Como identificar que se tem uma boa ideia que pode agradar o mercado neste caso?
D.J.: Botando a cara no sol, ou seja, validando. Para mim toda ideia é ruim até que alguém compre seu primeiro MVP (produto minimamente viável). E ensinamos aqui que tem que lançar rápido e barato, falhar rápido também e recomeçar. Deixar o cliente construir o modelo que ele quer consumir. E se você demorar para lançar o primeiro já está atrasada.
Como você enxerga o papel das startups na economia brasileira hoje? O que espera para a B2Mamy no médio e longo prazos?
D.J.: O vale da morte das startups (período antes do ponto de equilíbrio) é assustador. Fala-se em 87% de morte mais ou menos como o mercado tradicional. Portanto eu acho que a inovação na forma de pensar e validar as ideias, a diversidade, a agilidade, a liderança horizontal e outras práticas mexem com as grandes empresas e com a economia. O que mais agradeço em estar nesse ecossistema é a habilidade de desenvolver produtos e serviços que realmente resolvam um problema real e que pode melhorar a vida das pessoas.
Como uma mãe que está pensando em empreender, tem uma ideia que pode ser boa, mas está com certo receio, pode perder o medo e dar este passo adiante? Você teria algum conselho?
D.J.: Primeira coisa, é saber se ela quer empreender ou se só não quer ou não consegue retornar ao mercado de trabalho. A segunda pode ser uma fria. Empreender não é nada romântico. Se for empreender mesmo, quando tiver alguma ideia deve buscar uma comunidade para ouvir e se relacionar. Se for a B2Mamy ficaremos muito felizes e você será muito bem vinda, mas escolha uma em que você se sinta confortável. Estude, conheça gente e ame vender.