Revista Veja
Edição 2036 – ano 40 – Nº. 47
28 de novembro de 2007
Olá amigos e leitores. O Leitura Dinheirama, em sua segunda edição, abordará uma das revistas de maior circulação no Brasil: a Veja. Trata-se de uma revista de circulação semanal que aborda aspectos ligados ao dia-a-dia do Brasil e do mundo. Claro, não é nosso intuito comentar o leque de notícias sem teor financeiro e econômico. Vamos lá?
O Euro está na moda. A queda do dólar faz Gisele (Bündchen) e todo o mundo correrem para a moeda européia. Mas calma! Não é o começo do fim do império americano. Há pouco mais de 2 meses, a revista Veja publicou uma nota que revelava que a super model brasileira Gisele Bündchen exigiu que, em um contrato firmado com uma empresa de cosméticos, seu cachê fosse pago em Euro. A notícia correu o mundo e logo surgiram novos exemplos, como o do rapper norte-americano Jay-Z, que em um clipe estilizava a riqueza por demonstrações da moeda européia.
O investidor Warren Buffett, referência para muitos de nós, diz não querer mais saber de dólar. Fora as demonstrações megalomaníacas do presidente venezuelano Hugo Chávez e do iraniano Mahmoud Ahmadinejad, sempre cutucando o poderio econômico norte americano, vê-se que a queda do dólar é basicamente causada por um desequilíbrio das contas públicas externas dos Estados Unidos. São os chamados déficits gêmeos.
Quando George W. Bush foi eleito, em meados de 2001, encontrou em caixa mais de 200 bilhões de dólares. A revista completa:
“Com a gastança das guerras deflagradas depois do 11 de Setembro, esse saldo positivo virou um déficit superior a 500 bilhões de dólares”
Como fica claro, o efeito desse episódio foi devastador para o câmbio. O país dependeu de recursos estrangeiros para financiar esse rombo, o que aumentou sobremaneira sua dívida externa e ao mesmo tempo enfraqueceu a moeda.
Com esse cenário sombrio, para cobrir o saldo negativo da balança comercial os EUA precisam receber do exterior 2 bilhões de dólares em investimentos por dia. No período de bonança, enquanto o páis crescia rapidamente, era possível atrair esse dinheiro. Agora, no entanto, o ritmo caiu e a quantidade de investimentos está muito aquém do necessário.
Por que o dólar não pode ser descartado?
Por incrível que pareça, a cura para o mal é o próprio “veneno”. A análise caminha na seguinte linha:
“Quanto mais baixa a cotação da moeda americana, mais estrangeiros vão querer comprar ativos em dólares ao mesmo tempo em que se incentiva a exportação de produtos americanos”
Outro aspecto interessante, ressaltado pela revista e que demonstra o ainda grande poderio norte-americano, é o capital humano. Os Estados Unidos continuam líderes indiscutíveis neste sentido. No ranking das dez melhores universidades do mundo, seis são americanas. Mais, o país é responsável por 1/3 dos artigos publicados em revistas especializadas no mundo inteiro.
Esse é um dado importante para entender e nos lembrar de defender a educação como sinônimo de crescimento e criação de oportunidades.
Crise de identidade – Livro questiona o papel dos bancos públicos diante da abundância de dinheiro privado na economia. O papel dos bancos públicos passa por um momento discutível. Para comentar o debate, a revista faz uma análise do desenvolvimento do país dos últimos dois séculos e chega à conclusão de que estes bancos foram essenciais para nosso crescimento e amadurecimento econômico.
Entretanto, hoje a realidade do país é diferente. Existe uma maior sobra de capital externo, o mercado de capitais, através da Bolsa de Valores, é fonte constante de recursos para empresas e os bancos privados nunca fizeram tantos empréstimos e financiamentos, com tão poucas exigências.
A partir dessa nova realidade, a revista divulga o lançamento do livro “Mercado de Capitais e Bancos Públicos”, elaborado pelos economistas Armando Castelar e Luiz Chrysostomo, que aborda a temática sob ângulos diversos e através de artigos escritos por economistas de renome como Edmar Bacha e Pérsio Arida (dois dos pais do Plano Real), Maílson da Nóbrega, Edward Amadeo e Claudio Haddad, ex sócio do Banco de Investimentos Garantia e atualmente presidente da escola de negócios IBMEC São Paulo.
A maioria dos artigos é contrária ao gigantismo público. Os autores mostram-se céticos em relação às funções dos bancos estatais. Existem também artigos e opiniões de defensores dos bancos públicos, como Luciano Coutinho, o atual presidente do BNDES. Aliás, o BNDES sempre é assunto entre especialistas:
“O BNDES se concentra em financiar empresas de grande porte, como a Petrobras e a Vale do Rio Doce, que poderiam perfeitamente sobreviver apenas com recursos privados”
Finalizando, a revista salienta que não existem dúvidas de que os bancos públicos são usados para fins políticos e perderam espaço na economia. Mas que, em contra-partida, seu papel no financiamento de alguns projetos sociais e de infra-estrutura ainda é fundamental, já que a economia do país ainda não atingiu sua maturidade plena. Vamos comentar e apimentar o debate através dos comentários e em nosso fórum? Até a próxima!
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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.