A revista Veja dessa semana nos convida a descobrir a supereconomia brasileira, contando um pouco das lições e histórias de quem triunfou e surfou nas ondas calmas do capitalismo, que produz, em média, 164 milionários por dia no Brasil. Como tenho certeza que os leitores do Dinheirama gostariam de participar dessa estatística, convido-os a descobrir alguns aspectos que permitiram tais números e passos para alcançar essa façanha.
Para triunfar é preciso arriscar
A revista insinua que Jorge Paulo Lemann, em acordo com André Esteves (que vendeu o Pactual para o UBS), planeja a aquisição de uma parte do UBS, na tentativa de cooptar outros acionistas e montar um bloco de controle na instituição. Outro negócio aparente para Jorge Paulo e seus fiéis escudeiros Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira é a compra de um “naco” da Coca Cola. Projetos ousados, mas que podem sim sair.
Permitam-me um comentário particular: em outros artigos demonstrei minha pessoal admiração por Jorge Paulo Lemann, investidor brasileiro de muito sucesso aqui e lá fora. Para quem não está familiarizado com o nome, ele é um dos controladores da InBev e um dos sócios da GP investimentos, que controla marcas como Lojas Americanas e Hopi Hari.
A Veja, edição 2044, de hoje, traz números muito interessantes:
- Ser milionário é ter uma poupança equivalente a 1 milhão de dólares;
- 100 em cada 100.000 brasileiros já são milionários;
- Em 2007, 60,000 brasileiros acumularam seu primeiro milhão.
Isso significa, dentre muitas outras coisas, que a probabilidade de se tornar milionário no Brasil é:
- 22% maior que a de ser assassinado
- 50% maior que a de morrer em um acidente de trânsito
Existe um ditado que diz que contra números não existem argumentos. No entanto, aqui tuto se trata de probabilidade. O fato é que a afirmação, os dados interessantes e a reportagem da revista trazem à tona uma máxima da estabilidade econômica: o crescimento do dinheiro diz tudo.
O surgimento de muitos milionários
A grande estabilidade econômica vigente privilegia o mercado de capitais, receita infalível de sucesso financeiro de 1995 a 2007 aqui e em outros tantos países emergentes. A emissão de ações alcançou fantásticos 2820% de crescimento neste período. O grande diferencial foi a entrada de novos investidores nesse mercado, principalmente o investidor de pequeno porte, escorados por melhorias alcançadas nas leis das Sociedades Anônimas e pela maior fiscalização imposta pela CVM, protegendo e dando voz ao pequeno acionista.
Nesse ínterim, surgiu também a figura do RI – Relação com os Investidores – e a criação, por parte da Bovespa, do Novo Mercado, categoria responsável por listar empresas que se utilizam de práticas de governança corporativa. Como diz a revista, “empresas que melhor protegem o investimento de seus acionistas”. O RI traduz muito do que acontece no universo dos negócios e serve com o porta de entrada para o novo acionista. A Bovespa e a CVM tratam de manter a transparência nas ofertas e negociações.
De forma igualmente surpreendente, o crescimento do crédito foi de 338% entre 1995 e 2007. O crescimento de private equity (investimentos em empresas fechadas, com potencial de abertura de capital) foi de 777% entre 1999 e 2007. Números que impressionam bastante não só pelo alto valor, mas pela representatividade e atividade empreendedora decorrente de suas implicações.
Como o Brasil ajuda?
Nossa economia está passando por um estágio de amadurecimento muito interessante. A partir de agora, transações econômicas só acontecerão se forem boas para todos os lados. Trabalhadores, empresários, sócios, investidores, sociedade e governo terão que se entender, ou correm o risco de perder no decorrer de seus investimentos. Isso é um sinal de capacidade econômica reconhecido também pelos jornalistas de Veja: “Quando isso acontece, essas transações se multiplicam criando emprego e riqueza”.
Os indicadores econômicos mostram que, longe de beneficiar alguns poucos, a estabilização econômica tem sido benéfica para toda a população. Tivemos no ano de 2007 a criação de 1 milhão e 600 mil empregos formais, recorde absoluto na história do país. Nosso PIB cresceu 5%, ao invés dos inconsoláveis 2% de outrora. O credito favoreceu o consumo e o brasileiro foi às compras, oferecendo ao comércio um crescimento de 10% no ano passado.
Um estudo da consultoria Ernst & Young indica que, em 2020, a massa salarial do país chegará a 270 bilhões de dólares. Aí, já podemos imaginar o gás que o consumo interno receberá. Esses dados reforçam a tese, defendida por alguns economistas, de que a possível crise norte-americana (ou desaquecimento) será absorvida pela demanda interna do Brasil, somada é claro aos bons fundamentos econômicos e austeridade do governo.
Os ricaços andam por ai…
A revista conta como algumas pessoas conseguiram vencer através de projetos e empreendimentos. Saíram do pó e hoje fazem parte do seleto grupo de brasileiros que conseguiram resultados expressivos (e muitas vezes em pouco tempo). Tudo isso misturando conhecimento farto sobre o negócio que decidiram abrir, muito trabalho e senso de oportunidade.
A revista busca no Instituo Endeavor, que auxiliou muitos empreendedores a conseguir sucesso e êxito financeiro, uma receita para os novos candidatos a vencedores e milionários:
- Empresa pequena é apenas uma empresa que esta no começo;
- Mire em ser o melhor do mundo em sua atividade. Se chegar perto disso, já é um sucesso.
- Sobreviver sem crescer é condenação ao fracasso. É preciso crescer sempre.
- Seu produto tem de fazer a diferença. Chegar tarde para fazer a mesma coisa é sinônimo de derrota.
- Ambiente de negócio hostil não é desculpa. É preciso vencer em qualquer situação.
- Desafios e crises são coisas do cotidiano, e não exceções.
- Seu mercado é o planeta.
- Deve haver transparência total nos objetivos e na contabilidade. O informal esta condenado a ser pequeno.
- Grandes idéias nascem e prosperam em pequenos grupos, não em assembléias.
- Seus clientes querem satisfação e não que você se esgote correndo atrás das novidades de seus competidores.
Ao que tudo indica, a estabilidade veio para ficar e hoje faz o Brasil ser um país um pouco mais justo e com melhores oportunidades de trabalho e riqueza. As oportunidades estão por toda a parte, nas pessoas, nos negócios e nas empresas. O artigo é uma reflexão e um convite ao caminho do milhão. Que tal, vamos todos ficar ricos? Aproveite porque nunca foi tão “fácil”. Difícil é interpretar as aspas…
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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para Marcio Eugenio.