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Carnaval, investimentos e a economia

por Ricardo Pereira
3 min leitura

Dinheirama - Estrada para o futuro!Os brasileiros têm no carnaval uma válvula de escape. São pelo menos quatro dias de paz, onde esquecemos dos problemas, sejam eles financeiros, físicos ou profissionais. A alegria e a diversão tomam conta do país e os números só se fazem presentes na hora da apuração das notas do desfile das escolas de samba.

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Até ai, nenhuma novidade! A diversão é fundamental e fugir um pouco dessa rotina massante do dia-a-dia pode ser muito útil. O grande problema é achar que no Brasil, assim como muitas vezes fazemos com as finanças da família[bb], o carnaval é o ano todo. O resto do mundo não vai parar e por isso quem cuida e zela do bem estar financeiro não pode descuidar. Tempo perdido não é pago por dinheiro nenhum do mundo.

Taxa Selic
O tom cauteloso da ata do Copom, de olho nos riscos inflacionários, atraiu os olhares dos analistas. Eles acreditam que o conteúdo do relatório, divulgado nesta quinta-feira (31), sinaliza que a Selic pode subir caso haja necessidade. Alguns analistas já começam a levar essa perspectiva de maneira mais concreta. Profissionais da corretora Arkhe ressaltaram a possibilidade do Banco Central elevar os juros, considerando que o Copom se utiliza da política monetária para estabilizar os preços, e fazem uma recomendação:

“Caso a inflação mostre resistências no primeiro semestre, seria mais prudente elevar os juros e conter as expectativas do mercado para inflação em 2009 com mais eficiência”

A verdade é que ainda é cedo para saber o que o BC irá fazer, mas a sinalização de alta inflacionária nos primeiros meses do ano já preocupa. Para os analistas da corretora Schahin, que manteve suas projeções em 11,25%, uma elevação da Selic ainda não é o movimento mais provável, mas é preciso reconhecer que com os seguidos indícios de avanço da inflação, o risco de aperto monetário se elevou.

Janeiro não deixará saudades
Janeiro de 2008 foi 5º janeiro de pior rentabilidade para o Ibovespa, que depois de passar meses na liderança do ranking de investimentos, despencou para o último lugar do mês, com 6,88% de prejuízo. A Bolsa paulista[bb] foi desbancada pelo ouro, considerado um porto seguro em momentos de maior turbulência no mercado financeiro, como o atual. O metal, cujo ganho ficou em 7,02%, foi o único que rendeu acima da inflação, de 1,09% no mês.

Os fundos de renda fixa tiveram rentabilidade de 0,87%. Em seguida aparecem os fundos DI, considerados superconservadores, com ganho de 0,71%. A tradicional caderneta de poupança ficou em 5º lugar, com ganho de 0,60%.

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Mudanças na poupança
O governo acaba de alterar a forma de correção da caderneta. A mudança é positiva para o poupador. Como todos sabem, a poupança tem uma variação positiva de 0,5% + TR. Em alguns momentos, a TR apresentava variação negativa, forçando a poupança à uma correção abaixo do 0,5%.

Agora, quando o cálculo da TR for negativo, para fins de correção de caderneta de poupança, o valor usado será de 0%, não sendo então a correção menor do que os 0,5%. Isso significa que, por exemplo, em meses como fevereiro (mês com poucos dias) a poupança renderá, pelo menos, 0,5%.

Perspectivas
A remuneração dos investimentos não deve mudar muito nos próximos meses. Afinal, a expectativa é de que a turbulência no mercado financeiro[bb] continue por mais algum tempo. Os analistas, no entanto, não sabem dizer até quando. Alguns acreditam que dure todo o primeiro semestre, outros apostam que perdure até março.

De alguma forma, todos concordam que o mês de fevereiro será marcado por grande volatilidade nos mercados. É importante virar o mês com os olhos bem abertos aos índices da economia norte-americana e aos resultados financeiros e contábeis das grandes corporações, que podem sinalizar um desaquecimento um pouco mais forte ou a já tão temida recessão.

Commodities e a balança comercial
Interessante notar que esses dias de turbulência não foram suficientes para elevar o preço do dólar, que caiu e ficou em penúltimo lugar no ranking de investimentos, com perdas de 0,9%. É verdade que a moeda americana está se desvalorizando em boa parte do mundo.

De certa forma, temos um indicativo de que a fuga de capital não foi tão forte como já foi em momentos de crise observados no passado, além de dar certo alivio inflacionário. Essa questão do dólar é importante, principalmente levando em consideração que boa parte de nosso crescimento se deu pelos ótimos resultados da balança comercial nos últimos anos.

As exportações brasileiras decolaram a partir de 2003. O presidente Lula gosta de atribuir esse resultado à sua diplomacia e suas frequentes viagens. Se fosse verdade, entretanto, seria preciso admitir que todos os governantes tiveram a mesma idéia, pois todos os países emergentes expandiram suas vendas externas nos últimos cinco anos. E muitos até mais depressa que o Brasil.

Como os demais, o Brasil pegou a onda de um espetacular crescimento da economia global. Todo país que tinha alguma coisa para vender encontrou compradores. E o Brasil, com muito mérito, tem muitos produtos para oferecer (de carnes a aviões). Essa grande procura internacional imediatamente se refletiu na alta do preço das commodities, minérios e petróleo, o que de quebra sustentou o crescimento acelerado de nossos duas maiores empresas: Vale e Petrobras.

Crise? Onde? Como?
Dois países, dois gigantes, puxaram essa onda. São eles os Estados Unidos, o chamado shopping center do mundo e a China, a grande fábrica mundial. Alguns analistas acrescentam a Índia, o call center. Essa combinação favoreceu os emergentes em geral, que encontraram mercado para produtos de consumo, matérias-primas para movimentar as fábricas e alimentos para as milhões de pessoas que foram se incorporando ao mercado.

O próprio crescimento acelerado dos emergentes, China à frente, diminuiu o peso relativo da economia norte-americana na escala mundial. Mas os EUA continuam sendo o centro do grupo, representando algo como 25% do PIB mundial.

A crise do mercado de imóveis pode contaminar toda a economia, impactando diretamente no comércio mundial. Baixa procura e alta oferta significam diminuição de preços das commodities, o que para nós seria péssimo, afetando o saldo de nossa balança comercial e comprometendo boa parte da política econômica.

Aproveitem bastante o carnaval e utilizem o tempo livre para aprimorar o conhecimentos e curtir aqueles que amamos, nossos principais incentivos para crescermos e amadurecermos cada vez mais. Até a próxima.

Esse artigo foi escrito tendo como fontes o jornal Folha de S. Paulo e o portal Infomoney.

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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para Marcio Eugenio.

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