Conforme combinado, hoje abordaremos, ainda dentro do universo empresarial e do empreendedorismo, um dos sistemas mais interessantes de negócios: o franchising ou sistema de franquias, que, tecnicamente falando, não é considerado um negócio ou uma indústria, mas um método de condução de negócios.
A utilização de um sistema de distribuição no qual um fornecedor concede à outra parte interessada o direito de comercializar seus produtos ou serviços, conforme termos e condições pré-estabelecidos em comum acordo, durante certo período de tempo, e numa área ou região especifica, sãos as principais características desse modelo de negócios.
Como surgiu a idéia de franchising?
Alguns historiadores afirmam que o conceito nasceu na idade média, quando a Igreja Católica passou a conceder licenças ou franquias a senhores de terras para que, em seu nome, coletassem impostos e taxas.
O franchising B2C (Business to Consumer), da maneira que hoje o conhecemos, surgiu em 1851, nos Estados Unidos, onde a fabricante de máquinas de costura Singer Sewing Machine Company decidiu conceder licenças para comerciantes independentes interessados na revenda de seus produtos.
Em 1898, a General Motors utilizou-se do sistema para expandir a rede de pontos de venda dos carros por ela produzidos. Era o inicio das chamadas concessionárias. Logo em seguida, em 1899, a Coca-Cola criou a primeira franquia de produção de que se tem noticia, concedendo licenças para empresários interessados em produzir e comercializar seus refrigerantes em áreas geográficas definidas por contratos, mais ou menos como acontece hoje.
A grande explosão do sistema aconteceu após o final da Segunda Guerra Mundial, quando milhares de americanos retornaram para os EUA determinados a abrir seus próprios negócios. No Brasil, as escolas de Inglês Yázigi e CCAA foram, nos anos 60, as primeiras marcas a experimentar o sistema. Entretanto, só a partir dos anos 80 vimos um incremento nos negócios.
Em 1987 foi criada a ABF (Associação Brasileira de Franchising) que institucionalmente contribuiu para a abertura do mercado na década de 1990, com um ambiente mais próspero e chegada de várias franquias internacionais.
Conceitos e linguagem de negócios utilizada
Business Format Franchising (BFF): Franquia de negócio formatado. Engloba todos os aspectos do funcionamento do sistema. Os procedimentos operacionais são colocados em manuais, de forma que o franqueado atue com todas as características da rede de franquias. Possui alto grau de profissionalização, sendo também chamado de franquia de terceira geração.
Circular de Oferta de Franquia (COF): Documento que o franqueador é obrigado, pela lei de franquias, a fornecer a todo candidato a franqueado. Contém várias informações sobre a franquia, a rede de franqueados e empresa franqueadora.
Contrato de Franquia: É o instrumento através do qual o franqueador, que é o titular da marca, patente industrial, comércio ou serviço, concede seu uso a outro empresário (franqueado), assim como o direito de distribuição, prestando-lhe assistência técnica e administrativa para a viabilização do negócio ou sistema operacional, detidos ou desenvolvidos pelo franqueador, mediante o pagamento de uma taxa inicial e/ou percentual sobre o volume dos negócios realizados pelo franqueado.
Conselho de Franqueados: Órgão de representação coletiva dos franqueados junto ao franqueador.
Master Franquia: Sistema pelo qual o franqueador concede a terceiros a direito de vender a sua marca em determinada região.
Pay Back: Prazo de amortização do investimento. Ou seja, o tempo que a franquia demora até obter, como lucro, o montante equivalente ao investimento inicial e à taxa de franquia.
Definição de Franquia Empresarial, de acordo com a Lei nº. 8.955/94:
“A Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de tecnologia de implantação e administração do negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatícios” (art.1º).
Como funciona o franchising?
É interessante notar que o franqueador não fornece ao franqueado apenas o direito de comercialização de seus produtos. Ele fornece também os seus segredos e seu método, que caracterizam seu know-how e modo de gerenciamento, normalmente em um setor geográfico pré-definido.
Por outro lado, o franqueado assume integralmente o financiamento da sua atividade e remunera o seu franqueador com uma porcentagem calculada sobre o volume dos negócios. A figura abaixo ilustra, de forma simplificada, o funcionamento de uma relação franqueador-franqueado:
Taxas cobradas pela franquia
Um dos aspectos de extrema relevância em qualquer tipo de negócio são as taxas envolvidas no processo. No caso do sistema de franquias, o empresário arcará com:
Taxa de Franquia: Valor pago pelo franqueado, na ocasião da assinatura do contrato, que serve para remunerar o franqueador pelo uso da marca, selando o ingresso em sua rede, repasse de know-how, manuais de operação, treinamento, assistência na divulgação da marca, assistência na escolha do ponto, projeto arquitetônico, adequação visual e assistência na inauguração.
Taxa de Royalties: Valor pago mensalmente e que equivale, em geral, a um percentual sobre o faturamento da franquia. Esta taxa diz respeito ao repasse de tecnologia e à prestação de serviços como treinamento, pesquisa, desenvolvimento de produtos e suporte operacional.
Taxa de Propaganda: Valor pago mensalmente e que equivale, em geral, a um percentual sobre o faturamento da franquia. Esta taxa refere-se à divulgação da marca e dos produtos e serviços oferecidos.
Vantagens do sistema de franquias
- Marca conhecida e de boa reputação:
- Aumento nas chances de sucesso, graças ao suporte que o sistema trás aos novos integrantes do negócio;
- Existência de um plano de negócios;
- Maior garantia de mercado;
- Menores custos de Instalação;
- Economia de escala;
- Independência jurídica e financeira;
- Maior lucratividade e retorno do investimento mais rápido;
- Possibilidade de pesquisa e desenvolvimento.
Desvantagens do sistema de franquias
- Pouca flexibilidade, o controle sobre as operações que são constantes e permanentes;
- Autonomia parcial;
- Risco de ocorrência de falhas no sistema;
- Taxas pagas pelo franqueado;
- Localização “forçada”.
De uma maneira geral, o sistema de franquias é uma opção interessante para quem pretende entrar no mundo dos negócios, especialmente se ainda falta certa experiência no ramo de interesse. Lembre-se que todo trabalho deve ser dotado de dois componentes básicos: produção e a felicidade. Produção porque você precisa fazer o que tem que ser feito e felicidade porque apaixonar-se pelo negócio e pelas pessoas é fundamental. Aproveitem o feriado e final de semana prolongado. Nos vemos novamente na próxima semana.
Fontes de consulta para o artigo: Franquias Net e Só Franquias
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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para Marcio Eugenio.