Competição de culinária com uso de impressoras 3D e de gamers, arena de robôs, cultura geek e palestras sobre startups e empreendedorismo são as principais atrações da Campus Party 2023. O evento começou nesta terça-feira (25) e segue até domingo (30).
Em uma área dominada por homens, uma das mesas na manhã desta quarta-feira (26) abordou iniciativas para incentivar meninas a seguirem na carreira de tecnologia.
A professora do Instituto Federal de Goiás, do campus Luziânia, Christiane Borges, é a única docente mulher do curso de ciências da computação. Ela falou sobre as dificuldades de ocupar essa posição.
“Quando tinha alguma atividade prática e eu estava no meio de um grupo que tinha rapazes, a primeira coisa que falavam para mim era: ‘Você é muito boa pra escrever. Você faz o relatório’. E eu questionava: ‘Mas e a parte prática?’. Eu queria montar também. Então um dos motivos para a gente trazer um laboratório com atividades mais práticas e mais lúdicas para essas meninas é, principalmente, mostrar para elas que elas têm condições de fazer o que quiserem”, aponta a professora.
Christiane coordena há mais de dez anos o Metabotix, projeto que oferece um laboratório prático para mulheres executarem experimentos de robótica e metarreciclagem e que também incentiva a participação de meninas nessa área de tecnologia.
Talita Cypriano, que é professora do Instituto Federal de São Paulo, no campus Bragança, desenvolve atividades no projeto IF Meninas.
Ela falou que o ambiente da tecnologia é hostil às mulheres por uma série de razões, mas que é necessário despertar desde cedo a curiosidade das meninas nas atividades tecnológicas. Para a professora, os exercícios práticos são a melhor forma de fazer isso.
“Quando elas participam, por exemplo, das competições de empreendedorismo, eu vejo que é muito rico, porque elas sabem que podem fazer. Elas pegam o problema, propõem uma solução, tentam resolver, têm toda a jornada prática. Vejo que o desenvolvimento de projetos causa muito impacto na vida das estudantes a longo prazo”, avalia.
Ela também destacou a importância para a sociedade de se ter mais mulheres e uma maior diversidade de pessoas nas áreas de exatas e tecnologia.
“Se você coloca um grupo de pessoas que tem uma característica única, você não explora todas as possibilidades que aquela solução [tecnológica] pode ter. Se você quiser um argumento econômico para aumentar o número de mulheres, e não só mulheres, mas de diversidade nos projetos, você tem, porque é benefício para todo mundo. Criar ambientes que não sejam hostis para mulheres com certeza vai ser agradável para todos”, destaca.