A Petrobras (PETR3; PETR4) lançou a sua muito esperada nova política de dividendos na última sexta-feira (28) à noite com mudanças objetivas, como a mudança do cálculo do valor a ser pago – que passou de 60% para 45% do fluxo de caixa livre -, e mudanças subjetivas, como a própria definição sobre o que é “fluxo de caixa livre”.
“Embora as atualizações transmitam uma alocação racional de capital, elas também deixam uma ampla gama de resultados possíveis”, explicam os analistas do BTG Pactual, Pedro Soares e Thiago Duarte, em um relatório enviado a clientes neste domingo.
1 – Fluxo de caixa livre
A estatal deixou claro que, agora, o fluxo de caixa livre não é mais apenas a diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos. É agora o resultado disso descontado o valor que poderá ser gasto com aquisições de empresas, o que pode diminuir a parte que sobra aos acionistas.
“A inclusão de fusões e aquisições no cálculo diminuirá a capacidade do mercado de avaliar adequadamente os níveis de investimento da empresa no curto prazo em meio às discussões sobre o retorno aos setores petroquímico e de distribuição de combustíveis”, ressaltam Soares e Duarte.
O mercado tem especulado sobre a compra de uma distribuidora, como a Vibra (VBBR3), e/ou de uma petroquímica, a Braskem (BRKM5).
2 – Dívida bruta
Uma trava para a distribuição de dividendos, anteriormente, era a dívida bruta estabelecida no plano estratégico em vigor, que atualmente é de US$ 65 bilhões. Agora, a Petrobras deixou claro que pode mudar esta referência de endividamento, ou seja, de um valor para a dívida bruta para qualquer outra sem a necessidade de uma atualização da política de dividendos.
“Substituir o nível de dívida bruta de US$ 65 bilhões para remuneração dos acionistas por um valor ainda a ser definido (por meio do Plano Estratégico da empresa) permite que mais recursos sejam alocados para crescimento do que para dividendos”, alerta o BTG.
3 – Recompras
A recompra de ações, que já era possível no estatuto social, agora também fará parte do cálculo do valor distribuído em dividendos. Ou seja, o valor gasto com esta modalidade será abatido do pago aos acionistas. O objetivo, explica a estatal, é alinhar a sua política aos “principais pares internacionais, que vêm realizando robustos programas de recompra”.
O BTG lembra, contudo, que outras grandes do petróleo internacional se valem deste recurso para fugir dos impostos cobrados no pagamento de dividendos que, no Brasil, (ainda) são isentos.
“Além disso, a Petrobras tem duas classes de ações e a incerteza sobre se a recompra de ações com direito a voto (PBR/PETR3) pode ser priorizada em relação às ações preferenciais (PBRa/PETR4) pode diminuir o apelo do programa, uma vez que esperamos uma resposta negativa do mercado a qualquer aumento nas participações do governo na empresa”, pontua o BTG.