O Brasil está sobrando em termos de bons investimentos. Qualquer pessoa minimamente esclarecida sabe que estamos em uma boa maré para as ações, para os imóveis e para montar um negócio próprio, fruto de uma conjunção de fatores econômicos bastante positivos. O principal motivo da bonança é o fato de estarmos mais ricos, e riqueza multiplica riqueza.
Porém, apesar da abundância de alternativas, o investidor ainda se sente muito inseguro, com dificuldades para mergulhar no mundo dos investimentos. O motivo não é mais a falta de informação, pois este ingrediente é abundante nas diversas mídias que acessamos diariamente. A insegurança do investidor deve-se paradoxalmente ao excesso de informações.
São tantas dicas, críticas, recomendações, normas, detalhes e fontes diferentes, que resultam em uma sensação de que estamos sempre um passo atrás da informação ideal. Por isso, costumo dizer que, ao invés de boas recomendações de investimento, o que está em falta no mercado é bons investidores, pessoas capazes de filtrar os excessos e não se deixar abater pela ansiedade ou pela euforia informacional.
Para investir bem, devemos ter em mente que jamais teremos em mãos toda informação disponível sobre qualquer investimento, que sempre haverá investimentos que rendem mais do que o que escolhemos, que rendimentos espetaculares dependem bastante de nossa sorte ou de um certo grau de especulação e que uma rentabilidade mediana e consistente produz mais resultados do que grandes rentabilidades sujeitas a muito risco.
Um erro de muitas pessoas está em tentar ganhar mais do que a média do mercado, mesmo quando a média está interessante. Outro erro comum está em dar importância demasiada a nossa intuição e desprezar orientações vindas de especialistas como nosso gerente no banco ou o relatório de análises e recomendações de uma grande corretora.
Na maioria dos casos, as orientações de grandes especialistas tendem a ser mais conservadoras, deixando de competir, no curto prazo, com as estrelas que mais brilham nos rankings de investimentos. Porém, tais orientações tendem a aparecer sempre com algum destaque, mesmo jamais liderando tais rankings. As alternativas campeãs, por sua vez, costumam ser substituídas de tempos em tempos, por embutir mais risco.
O fato é que existem muitos investimentos simples e inteligentes sobrando no mercado e sendo desprezados por aqueles que foram contagiados pela febre dos ganhos espetaculares. Uma pena, pois os investimentos mais complexos consomem mais de nossa vida. Se seu investimento lhe toma mais tempo que seu lazer, ou lhe rouba horas de sono, ou então é fonte de preocupações e úlceras em sua vida, provavelmente você escolheu o investimento errado.
Um investimento inteligente é aquele que lhe traz uma sensação contínua de satisfação e segurança, que não o assusta nas crises e que não lhe toma muito tempo para que você se atualize sobre ele. Essas características são encontradas em qualquer mercado, e cabe ao investidor experimentá-las e aprová-las.
Se você quer conhecer mais sobre estratégias inteligentes nas diferentes formas de investimento disponíveis, sugiro a leitura de meu mais recente e importante trabalho, o livro “Investimentos Inteligentes”, publicado pela Thomas Nelson Brasil.
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Gustavo Cerbasi (www.maisdinheiro.com.br) é consultor financeiro pessoal e autor de Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e Dinheiro – Os Segredos de Quem Tem.
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