A maioria dos passageiros ainda não está disposta a pagar para compensar as emissões de carbono de seus voos, disseram duas das maiores companhias aéreas do Brasil nesta terça-feira, conforme o setor busca maneiras de cumprir sua meta de atingir emissões líquidas zero até 2050.
Experimentos iniciais da Gol (GOLL4) e da Azul (AZUL4) mostraram que apenas uma pequena proporção de seus passageiros se envolve em projetos voluntários de redução de carbono, disseram as empresas, sugerindo que os passageiros não desejam gastar seu próprio dinheiro para compensar as emissões.
A Gol fez uma parceria com a startup brasileira Moss em 2021 para oferecer aos passageiros a opção de comprar créditos de carbono para compensar as emissões de seus voos, enquanto a Azul anunciou uma parceria semelhante neste ano com a empresa de tecnologia climática CHOOOSE.
A Moss vende créditos de carbono — licenças negociáveis que permitem ao proprietário emitir certas quantidades de gases de efeito estufa — que consegue ao preservar partes da Amazônia.
De acordo com a startup, os créditos necessários para compensar as emissões de um voo da Gol entre São Paulo e Rio de Janeiro custariam ao passageiro menos de 3 reais.
O setor de aviação global se comprometeu a atingir emissões líquidas zero até 2050 por meio de uma combinação do uso de combustível sustentável, nova tecnologia e compensações de carbono, mas a redução das emissões ainda é um desafio.
“Uma informação infelizmente que eu não me orgulho nem um pouco de dar, mas que eu acho importante a gente compartilhar… O percentual de passageiros (no início do programa) que fizeram essa compensação voluntária foi de 0,01%”, disse Eduardo Calderon, diretor do centro de controle de operações da Gol, em um evento organizado pela Boeing e pela Mesa Redonda sobre Biomateriais Sustentáveis.
Quando a empresa atualizou seu sistema para colocar a plataforma de compensação de carbono ao seu próprio site, dando aos viajantes a opção de comprar os créditos de carbono ao mesmo tempo em que adquirem a passagem, a adesão aumentou cerca de 30%, disse Calderon.
Mas isso significa que subiu de 0,01% para 0,013%.
O gerente de sustentabilidade da Azul, Filipe Alvarez, disse no mesmo painel que, embora o programa de compensação de carbono da companhia, de sete meses, seja muito mais recente do que o da Gol, os resultados de seus primeiros meses foram semelhantes, com adesão muito baixa.
“Eu acho que as pessoas ainda não estão dispostas a pagar mais por isso… As pessoas pelo menos ainda não têm essa consciência. O discurso é bonito, todo mundo adora falar de compensação ambiental, sustentabilidade, mas na hora de meter a mão no bolso para pagar mais, para bancar essa transição energética que é cara, infelizmente isso não está acontecendo”, disse Calderon.
“E vou mais além — mesmo na Europa, onde todo mundo acha que a consciência ambiental é maior esse percentual chega a 4% ou 5% das companhias que já estão fazendo (compensação voluntária).”