Como a WeWork, a eterna startup, foi do "hype" ao pedido de falência?

A WeWork alertou sobre uma possível falência, em uma impressionante reversão da sorte do provedor de espaço de trabalho compartilhado que, há quatro anos, era uma das startups mais apreciadas do mundo, com um valor de mercado de 47 bilhões de dólares.

A empresa, que tem entre seus investidores o SoftBank, enfrenta uma derrocada de 34% em suas ações, US$ 0,14, e hoje vale apenas 293,4 milhões de dólares. O valor está muito abaixo dos US$ 9 bilhões alcançados em outubro de 2021, quando abriu o capital.

A crise, aliás, começou desde que a WeWork entrou com a papelada para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em 2019, quando os investidores apontaram problemas de governança envolvendo seu então fundador e presidente-executivo, Adam Neumann.

A operação ocorreu, mas na forma de um Propósito Especial de Aquisição (SPAC, na sigla em inglês), mas as dificuldades continuaram, pois os investidores duvidaram de seu modelo de negócios e os clientes passaram a trabalhar de forma híbrida desde a pandemia.

O modelo de negócios da WeWork envolve fazer locações de longo prazo e alugar espaços por um curto prazo.

“Cada vez menos empresas, desde empresas maduras de grande capitalização até startups, estão dispostas a fazer aluguéis de longo prazo para espaços geograficamente fixos”, disse o presidente-executivo interino, David Tolley, em uma teleconferência com investidores nesta quarta-feira.

Em março, a WeWork chegou a um acordo para reduzir a dívida em cerca de 1,5 bilhão de dólares e estender a data de alguns vencimentos para economizar dinheiro (Imagem: Unsplash/ Clark Gu)

Falência

“Nossas perdas e fluxos de caixa negativos de atividades operacionais levantam dúvidas substanciais sobre nossa capacidade de continuar operando”, disse a companhia em seu balanço (veja abaixo).

A empresa pode precisar considerar opções estratégicas, incluindo levantar mais dinheiro ou obter alívio sob o Código de Falências dos EUA e lançou um plano de 12 meses, que inclui:

1 – Reduzir as despesas de aluguel e arrendamento adotando ações adicionais de reestruturação e negociando termos de arrendamento mais favoráveis.

2 – Aumento da receita reduzindo o churn de membros e aumentando as novas vendas.

3 – Controlar as despesas e limitar as despesas de capital.

4 – Buscar capital adicional por meio da emissão de títulos de dívida ou ações, ou venda de ativos.

Segundo a empresa, contudo, não há garantia de que tais medidas sejam bem-sucedidas.

“Se não formos bem-sucedidos em melhorar nossa posição de liquidez e a lucratividade de nossas operações, podemos precisar considerar todas as alternativas estratégicas, inclusive reestruturar ou refinanciar nossa dívida, buscar dívida adicional ou capital social, reduzir ou atrasar nossas atividades comerciais e iniciativas estratégicas, ou venda de ativos, outras transações estratégicas e/ou outras medidas, incluindo a obtenção de alívio sob o Código de Falências dos EUA”, disse a WeWork.

Reestruturação

Em março, a WeWork chegou a um acordo para reduzir a dívida em cerca de 1,5 bilhão de dólares e estender a data de alguns vencimentos para economizar dinheiro.

A empresa ainda não obteve lucro e foi citada como um exemplo de avaliações superinfladas comandadas por empresas de tecnologia apoiadas por investidores do Vale do Silício.

“A WeWork foi talvez a startup mais ‘overhyped’ dos últimos anos”, disse Steve Clayton, chefe de fundos de ações da Hargreaves Lansdown.

A empresa fechou escritórios e cortou empregos em uma tentativa de recuperação, mas a saída de seu presidente-executivo e diretor financeiro no início deste ano complicou os esforços. A busca por um novo CEO está em andamento, disse a WeWork na terça-feira.

Resultados

Os cortes de custos, no entanto, a ajudaram a registrar um prejuízo líquido menor, de 349 milhões de dólares no segundo trimestre, ante 577 milhões de dólares no ano anterior.