Nos últimos dias tenho recebido diversos e-mails e comentários de leitores preocupados com o atual momento econômico do país e do mundo.
É verdade que motivos não faltam: crise hipotecária norte-americana que ainda de fato não teve seu final; crise do petróleo e dos alimentos que eleveram os preços no mundo todo; e o rumor de início de crise nos fundos de pensão dos EUA.
Está certo, o cenário mundial já esteve melhor do que nos dias atuais. A grande pergunta que fica é: o que o investidor deve fazer nesses momentos?
A primeira – e talvez mais importante – coisa a fazer é manter a calma e analisar a situação olhando para o futuro e seu planejamento.
Estou certo que dentro de sua estratégia havia uma hipótese de crise e estava prevista a possibilidade de um período com maiores dificuldades. Estou certo?
Não tinha um plano B? Respire fundo e procure manter a calma mesmo assim. A vantagem do plano B é que este pode permitir uma saída alternativa para crises já tão comuns nos dias de hoje.
No mais, a informação de qualidade e a atitude podem fazer a diferença.
Momento de cautela
As boas práticas financeiras, aquelas que você já cansou de ler por aqui, ditam algumas decisões inteligentes que o investidor preparado deve considerar:
- Não aplique todo seu capital em um único papel;
- Jamais coloque todo seu capital no mercado de ações, principalmente se tem planos de utilizar o dinheiro no curto prazo;
- Evite tomar decisões em períodos de forte emoção;
- Seu dinheiro sempre renderá mais se você pessoalmente dedicar um espaço na sua agenda para cultivá-lo.
Quando falamos em Brasil, os fundamentos econômicos continuam bons, com exceção de um único ponto crítico: a badalada inflação.
A grande dificuldade, que também já não é nenhuma novidade, é que desta vez a inflação é um fenômeno importado.
Com o desenvolvimento dos países antes chamados de Terceiro Mundo, a demanda mundial por alimentos aumentou drasticamente.
Imagine um casal que, da noite para o dia, recebe em seu lar outros três familiares. Em suma, a comida e as demais despesas da casa antes suficientes para duas pessoas agora terão que ser estendidas também aos novos integrantes da casa.
Com um agravante: os outros três não possuem nenhuma renda.
Vou além: a China, que antes vivia basicamente uma alimentação tradicional à base de arroz, começou a adquirir e importar outro gostos alimentares, como carne, feijão etc.
Se a demanda aumentou, como fica a oferta? Eis o X da questão. A oferta simplesmente se manteve no mesmo patamar, com alguns agravantes:
- Petróleo em alta, alavancando os preços de transporte e fretes;
- Fenômenos climáticos: em alguns pontos do mundo colheitas inteiras foram perdidas devido ao extremo calor, frio, enchentes etc;
- Subsídios agrícolas: o protecionismo dos países ricos, beirando a estupidez, deixa de incentivar os países com extenso potencial agrícola capazes de vitaminar a safra mundial e contribuir para uma melhor distribuição entre oferta e demanda por alimentos.
Você e seu dinheiro
Parece-me que esse é o momento certo para que algumas estratégias sejam refeitas. É hora de proteger seu dinheiro e seus investimentos.
Lembre-se que investimentos de longo prazo não significa simplesmente montar uma carteira de ações e esquecê-la por um longo período. Investir pressupõe investir sempre e dessa maneira aproveitar o melhor que cada momento proporciona.
Hoje, em sua coluna na rádio CBN, Mauro Halfeld aconselhou um ouvinte a enveredar por uma estratégia onde um percentual de sua carteira de oito anos em ações fosse transformado em CDB.
Obviamente, é um caso específico onde a pessoa está prestes a se aposentar, mas a argumentação – que visa a segurança em momentos de crise – parece fundamentada e inteligente. Conheça também seus livros sobre educação financeira e investimentos.
Chegou o final de semana. Aproveite o tempo para se divertir com a família e com quem ama, mas separe alguns minutinhos para sentar e conversar com a família sobre finanças, dinheiro e educação financeira. O futuro de todos agradece.
——
Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
▪ Quem é Ricardo Pereira?
▪ Leia todos os artigos escritos por Ricardo
Crédito da foto para stock.xchng.