O setor de serviços voltou a mostrar expansão pela segunda vez seguida no Brasil em junho, mas terminou o segundo trimestre com um desempenho mais fraco do que o esperado para o mês e com forte perda de força.
O volume de serviços avançou 0,2% em junho na comparação com maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
O resultado mostra desaceleração do setor após ganho de 1,4% em maio, e ainda ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,5% para o mês de junho.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o volume de vendas registrou alta de 4,1%, em linha com a expectativa de economistas de crescimento de 4,2%.
Com esses resultados, o setor encontra-se 12,1% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, mas 1,5% abaixo do ápice da série histórica, atingido em dezembro do ano passado.
Após apenas dois meses negativos em 2023 — janeiro e abril –, os serviços no Brasil fecham o primeiro semestre com expansão de 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
O segundo trimestre fechou com crescimento de 0,5% no volume de serviços no país em relação aos três meses anteriores, recuperando parte da perda de 0,7% do primeiro trimestre.
“Agora serviços voltam ao positivo. O primeiro trimestre foi afetado pela base forte do quarto trimestre, já que em dezembro o setor foi ao pico da série”, explicou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O cenário econômico no Brasil é de juros altos de um lado e de medidas fiscais e mercado de trabalho aquecido de outro, o que deve deixar o setor de serviços andando de lado, ou até mesmo com desaceleração lenta ao longo do ano.
“O movimento observado entre maio e junho reflete em grande medida nossas expectativas para o setor de serviços em 2023 que, afora altas motivadas por fatores sazonais, deve enfrentar um período de forte desaceleração após o crescimento robusto registrado em 2022 e o subsequente enfraquecimento da demanda ao longo deste ano”, avaliou em nota o economista Matheus Pizzani, da CM Capital.
O IBGE destacou no mês de junho o desempenho da atividade de serviços profissionais, administrativos e complementares, que avançou 0,8% e recuperou parte da queda de 1,2% acumulada nos dois meses anteriores.
“Entre os destaques dessa atividade estão as empresas de atividades jurídicas, as de administração de cartões de desconto e de programas de fidelidade e as de engenharia”, disse Lobo.
As outras duas atividades que tiveram desempenhos positivos no mês foram serviços prestados às famílias (+1,9%) e serviços de informação e comunicação (+0,5%).
Por outro lado, tiveram resultados negativos Outros serviços (-0,4%) e Transportes (-0,3%), sendo que o transporte de passageiros reve retração de 1,2% em relação a maio.
No entanto, o transporte de cargas avançou 0,6% em junho e teve o maior impacto individual positivo no resultado do setor de serviços em junho.
“Nesse mês, ele atinge novamente o ponto mais alto da sua série histórica. Há três fatores que explicam esse desempenho: o escoamento da produção agrícola, … o boom do comércio eletrônico … e o transporte de mercadorias industriais”, disse Lobo.
O índice de atividades turísticas, por sua vez, recuou 0,4% em junho após ter avançado nos dois meses anteriores. Ele ainda se mantém 4,9% acima do patamar pré-pandemia, só que 2,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.