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Economia mundial: continue dançando, a música ainda toca

por Gustavo Rizzo
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Economia mundial: continue dançando, a música ainda tocaEm se tratando de Economia, evita-se ao máximo falar de uninanimidade ou de conceitos aceitos por 100% dos agentes econômicos. Afinal, trata-se de uma ciência humana e, conforme Nélson Rodrigues já dizia em 1949, no livro “A mulher que amou demais”, toda unanimidade é burra.

No entanto, se é que existe um conceito plenamente aceito nas economias dos quatro cantos do planeta, este conceito é exatamente a idéia de que os mercados se movem e se comportam em conformidade com as suas propensões ao risco. O famoso apetite de risco. O maior apetite de risco determina para onde se vai e o quanto se avança (ou se retrai). A propensão ao risco ou apetite se alimenta de dois pratos principais. O primeiro é o acesso a liquidez, enquanto que o segundo é a recuperação econômica.

Desde o estouro da crise financeira em 2008, desencadeada inicialmente pela falência do banco de investimento americano Lehman Brothers e pela consequente quebra de outras instituições, gerando a crise dos subprimes, foram poucas as vezes em que a economia mundial pode, de fato, dizer possuir acesso a liquidez e a um certo nível de recuperação econômica. Os primeiros quatro meses de 2009, o início de 2011 e os últimos meses são os poucos exemplos desse oásis desde 2008.

É verdade que existem, sim, razões para se pensar que o pequeno ciclo econômico atual, relativamente positivo, possa continuar. Porém, não virá facilmente, na medida que existe uma clara dependência dos grandes Bancos Centrais de proverem exatamente esta liquidez adicional necessária.

Países como Itália, Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda não estão observando recuperação em suas economias. No caso da Espanha e Itália, alguns avanços foram observados, como, por exemplo, na evolução dos custos de captação, mais quão sustáveis essas melhoras realmente são é algo difícil de saber.

Os recentes comprometimentos de vários Bancos Centrais de dar suporte às economias dos seus países, associados à melhora cíclica dos mercados têm gerado uma reprecificação (para baixo) dos ativos de risco a nível global. Esta reabertura dos mercados de captação na Europa tem sido efetiva em alguns países periféricos, que agora já conseguem emitir títulos das suas dívidas públicas com mais facilidade.

Esta relativa melhora nas condições mercadológicas não só reduz a pressão sobre os bancos para os mesmos se desalavancarem a qualquer custo, como também reduz os riscos de uma nova crise de crédito. Mas, por enquanto, são pequenos os sinais de que essas melhoras estejam atingindo o núcleo dos países que sofrem uma crise mais séria.

O aumento no desemprego nesses países diminui os sinais de estabilização, gerando efeitos recessivos. Nesse contexto, os importantes e difíceis desafios de países como Itália e Espanha, por exemplo, tem sido sub-avaliados pelos mercados como um todo. Daí percebe-se a importância da “barreira de proteção” à zona do Euro, planejada pelos Bancos Centrais europeus e apoiada pelo G20, que se reunirá em Los Cabos (México) em Junho.

Mais importante do que a “barreira de proteção” por si só, é a credibilidade e sustentabilidade dessas medidas. E, num momento como esse, não existiria kryptonita pior do que uma crise de credibilidade, que facilmente colocaria a perder os recentes avanços. Mas, até que isso ocorra (se é que ocorrerá), aproveite. A festa ainda não acabou. A música ainda toca no salão. Portanto, continue dançando.

Foto de sxc.hu.

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