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CPI de 8 de janeiro aprova nova convocação a Mauro Cid e quebra sigilos de Carla Zambelli

A CPI dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro aprovou uma série de requerimentos nesta quinta-feira que inclui uma reconvocação do tenente-coronel Mauro Cid

por Reuters
3 min leitura
"A gente fazia consórcio. A gente de situação financeira mais baixa começa um consórcio", explicou o militar. (Imagem: Roque de Sá/Agência Senado)

A CPI dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro aprovou uma série de requerimentos nesta quinta-feira que inclui uma reconvocação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e de quebra de sigilos fiscal, telefônico e telemático da deputada Carla Zambelli (PL-SP).

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Cid já havia comparecido à CPI mista em julho, ocasião em que, fardado, permaneceu em silêncio. O ex-ajudante de ordens também estava presente na CPI na Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta quinta-feira e mais uma vez se utilizou do direito de ficar calado.

Braço-direito de Bolsonaro, Cid está preso desde maio por investigação que apura suposta inserção fraudulenta de dados de vacinação nos registros do ex-presidente e de pessoas próximas.

A reconvocação desta quinta-feira foi motivada por novas denúncias envolvendo o tenente-coronel, dessa vez relacionadas a um esquema de uso da máquina pública para enriquecimento ilícito a partir da venda de joias e objetos de alto valor oferecidos ao então presidente da República por países estrangeiros como presentes oficiais.

O advogado de Cid, Cezar Bitencourt, chegou a declarar a diversos meios de comunicação que o tenente-coronel iria confessar sua participação no caso das joias e responsabilizar Bolsonaro. No dia seguinte, mudou o tom e esclareceu que tratava apenas do caso relacionado a um relógio da marca Rolex, e não de outras joias.

O advogado afirmou, no entanto, que o ex-presidente teria pedido a seu então ajudante de ordens para “resolver esse problema do Rolex”, e revelou que seu cliente entregou o dinheiro da venda do relógio, em espécie, a Bolsonaro ou à mulher dele, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

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Em meados de agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para tornar ré a deputada Carla Zambelli por porte ilegal de arma de uso permitido e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo por ter sacado e ameaçado um homem no meio da rua, em São Paulo, às vésperas das eleições de 2022.

A deputada também foi citada em outro caso por uma testemunha que depôs à CPI do Congresso Nacional, o hacker Walter Delgatti Neto. Segundo ele, a parlamentar teria intermediado conversas entre ele e o ex-presidente no ano passado em que Bolsonaro teria oferecido um indulto em troca de colocar em dúvida a lisura das urnas eletrônicas e de assumir a autoria de um suposto grampo telefônico contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Movimentações

Além dos requerimentos, a CPI também teve uma fase de oitiva nesta quinta-feira, dessa vez com o sargento Luis Marcos dos Reis, que trabalhou na Ajudância de Ordens do ex-presidente, subordinado a Mauro Cid.

No depoimento, dos Reis se disse arrependido de ter participado dos atos de 8 de janeiro, embora tenha sustentado aos parlamentares que ficou pouco tempo na Esplanada e voltou para casa.

“Realmente, foi um momento impensável. Se a senhora me perguntar se eu me arrependi”, disse o sargento à relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Questionado pela senadora sobre movimentações suspeitas em suas contas bancárias, incompatíveis com seus rendimentos, respondeu que tratavam-se de depósitos e transferências referentes a um consórcio entre militares.

“A gente fazia consórcio. A gente de situação financeira mais baixa começa um consórcio”, explicou o militar. “No meio militar, isso existe há 20, 30 anos. Se for ilegal, eu não sei. Estou sendo sincero.”

O depoente admitiu ainda ter feito o pagamento de um boleto da escola da filha de Bolsonaro, mas preferiu não informar se efetuou a operação com dinheiro em espécie. Também relatou à CPI ter vendido um carro a Cid.

“A sua renda mensal no período analisado… era algo em torno de 13 mil a 14 mil reais, e o senhor teria movimentado aí algo em torno de 3 milhões de reais em sua conta”, indagou a relatora.

“Todo esse questionamento, sr. Dos Reis, é porque o senhor é militar, o senhor estava na ajudância de ordem do presidente da República do Brasil, quer dizer, o senhor tem movimentações que são absolutamente estranhas, com empresas que fizeram convênios com o governo federal”, afirmou a senadora.

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