Finclass Vitalício Topo Desktop
Home Mercados Dinheirama Entrevista: Andre Diamand, CEO da VentureOne

Dinheirama Entrevista: Andre Diamand, CEO da VentureOne

por Conrado Navarro
3 min leitura

Dinheirama Entrevista: Andre Diamand, CEO da VentureOneMuitos de nossos leitores tem o sonho de empreender e ver crescer suas startups. Há quem diga que o Brasil é o país do momento para quem deseja inovar e criar negócios, digitais ou não, com potencial de crescimento. O principal continua sendo a equipe e a figura do empreendedor, aspectos muito valorizados quando investidores entram na jogada para acelerar o crescimento da empresa.

Finclass Vitalício Quadrado

E ninguém melhor para falar de aceleração de startups que Andre Diamand, fundador e CEO da VentureOne Startups, que é formado em Engenharia Eletrônica pela UFRJ e autor de papers de computação gráfica, inteligência artificial e segurança da informação. Sua carreia começou na IBM Brasil aos 17 anos, onde aos 22 anos tornou-se o gerente mais jovem da empresa em nível mundial.

Mais tarde, Andre fundou a Future Security, onde lançou o conceito Security Outsource, atendendo a grandes clientes como bancos, governo e forças armadas. Após período sabático de dois anos, resolveu desbravar o mercado criativo em TI e criou a VentureOne, em março de 2011, com a finalidade de auxiliar starups web 2.0 a superarem obstáculos, com seu expertise e networking.

Conversamos sobre empreender, conseguir grana para fazer a empresa decolar e, claro, sobre startups e o mercado brasileiro. Confira nosso papo:

Andre, você atua como empresário e investidor. Esse diferencial lhe permite avaliar melhor as principais deficiências dos novos empreendedores? Quais são, na sua visão, os principais dilemas e problemas do empresário brasileiro hoje?

Andre Diamand: De uma certa forma sim, vi outras gerações de empreendedores e eu mesmo fui um, não é mesmo? Já vi e estive em vários outros cenários e momentos, bons e ruins para se empreender e investir, e posso dizer que cria-se um instinto natural para a coisa.

Finclass Vitalício Quadrado

Analiso muitas vezes mais a capacidade do empreendedor do que a do próprio negócio em si. E, sim, é muito difícil ser empresário no Brasil (burocracia, altos encargos cobrados e falta de crédito específico para determinados setores). Isso atrapalha o avanço das micro e pequenas empresas no Brasil – aqui, uma pequena empresa se vê obrigada a pagar impostos incompatíveis com a sua realidade e tudo isso impede que elas ganhem produtividade e projeção econômica.

Enquanto investidor, você já participou de diversas rodadas de investimentos em startups. Qual sua impressão sobre os candidatos? Deixe seu depoimento e dicas para o jovem leitor que está tentando criar a próxima empresa de sucesso na Internet.

A. D.: Há algum tempo, era muito slide, planos de negócios e pouca coisa sendo executada de fato, mas a coisa tem mudado. No ultimo evento que participei, apresentaram coisas bem consistentes, alguns com sistemas complexos já on-line e por ai vai. E é assim que deve ser: pouco papo e muita ação.

A dica que eu dou é muito simples: os melhores negócios estão, muitas vezes, debaixo do próprio nariz do empreendedor – a ideia é que você resolva a sua própria dor. Como isso acontece? Vou citar um exemplo off-line, mas que serve para o mundo de Startups 2.0.

você trabalha em uma rua onde não existe restaurante e se sente muito incomodado em ter que comer em outro quarteirão. Ao invés de você sugerir a criação de um restaurante na rua, porque você mesmo não monta seu próprio negócio ali? Entende? Quantas pessoas naquele lugar não sentem a sua dor? Se forem muitas pessoas com a mesma dor, as chances de ser um bom negócio são grandes. O empreendedor tem que estar atendo a esses detalhes.

Outra questão é a apresentação. O empreendedor que está procurando investimento tem que entender que o investidor não tem o mesmo entendimento do negócio que ele. O investidor está ali e já analisou várias outras ideias no mesmo dia, então o empreendedor deve entregar um material mais enxuto, direto e tem que conseguir sintetizar seu negócio em 2, 3 minutos no máximo.

A VentureOne é uma empresa que se define como “geeks empreendedores em busca de grandes pessoas com grandes ideias”. As pessoas aparecem antes das ideias. É fundamental que o empreendedor seja talentoso como ser humano? Como identificar e desenvolver essa questão tão subjetiva?

A. D.: Um ótimo negócio pode ir por água abaixo se gerido por pessoas ruins. Por outro lado, negócios muitas vezes considerados infrutíferos, quando gerido por pessoas geniais, acabam por nos surpreender. Então, pessoas claramente talentosas é o que queremos, com certeza. Afinal, boas ideias nós também temos, mas quem vai tocar o projeto é fundamental.

Não significa que boas ideias ficam em segundo plano. A VentureOne não só entra com o capital, como também da total apoio aos envolvidos – a startup não é abandonada após o aporte: temos mentores e outros profissionais que auxiliam no desenvolvimento da startup até que ela consiga um Exit (saída), que é o nosso principal objetivo.

Então mesmo que o empreendedor não seja tão talentoso, ele será auxiliado por uma equipe que tem como meta fazer o negócio dele dar certo. O resultado é um misto dos dois, de olhar o negócio e o empreendedor e, baseado nessas premissas, associar nosso feeling à metodologia da empresa e então decidir pelo aporte (ou não).

Quando falei da pessoa e não só do negócio, queria também lembrar algo relacionado à nossa cultura. Tenho a sensação de que aqui ainda reina a “cultura da vitória”, ou seja, aquela coisa de ter que dar certo. O fracasso e a frustração não são bem compreendidos. Você concorda? Comente.

A. D.: Em geral, nenhum empreendedor ou investidor quer que seu tempo e dinheiro investidos sejam jogados fora. Por outro lado, empreender em negócios da web 2.0 é arriscado, afinal muitas vezes são modelos de negócios nunca testados e que precisam se provar primeiro.

Os fracassos e frustrações são naturais no processo de desenvolvimento de uma startup, testes precisam ser feitos e aprender com esses erros é fundamental – se forem bons profissionais, eles saberão usar os fracassos como aprendizado e pivotar seu negocio até que ele venha a dar certo.

Ou, não, pode ser um fracasso total mesmo, mas que não será em vão, afinal em um futuro negocio o empreendedor provavelmente não vai cometer os mesmos erros. Vitórias ensinam muito menos que derrotas, muitos grandes negócios de hoje erraram a mão no caminho.

Gostaria que falasse um pouco sobre como surgiu a ideia de criar a VentureOne e desse alguns exemplos de startups que contam (e contaram) como o apoio de vocês.

A. D.: A VentureOne surgiu do meu interesse em atuar com startups e tecnologia. É incrível o impacto que uma startup pode causar na sociedade, ao mesmo tempo em que não precisa de muitos recursos para iniciar um negócio de sucesso. É interessante o que pode ser feito com uma dupla de amigos com seus computadores em um quarto ou garagem. Eu mesmo iniciei minha primeira empresa de sucesso assim: um quarto, um computador e um sonho na cabeça.

Das diversas startups que contam com o apoio da VentureOne, podemos citar:

  • Crossfy, uma plataforma para o conteúdo impresso que conecta o mundo offline e online via smartphones e tablets;
  • O Holandês, portal de compras por demandas coletivas, uma alternativa mais arrojada e eficiente que as tradicionais compras coletivas;
  • Dosh, um simulador do mercado de ações que, gratuitamente, educa os usuários a pensar melhor seus investimentos além de fornecer prêmios em dinheiro real;
  • XJobs, um marketplace onde empresas publicam suas necessidades de projetos e profissionais freelancers fazem suas propostas e executam estes projetos.

Além desses, há também um importante projeto de cunho social, o “Amigo Não Se Compra”, um site onde ONGs e protetores de animais podem divulgar cães e gatos para adoção. Um projeto para quem acredita que todo animal de rua merece um lar de verdade.

Como o jovem aspirante a empreendedor deve apresentar sua ideia e projeto? Seria legal contar com seu apoio para listar algumas dicas (o que fazer) e também sugestões do que deve ser evitado. Pode nos ajudar?

A. D.: Reiterando o que falamos em uma pergunta anterior, em suma uma boa apresentação é melhor do que um plano de negócios na hora de vender sua ideia para o investidor. Uma síntese rápida e clara em um power point ou um protótipo do seu produto em vez de plano de negócios detalhado.

Como dica, timing é fundamental para uma startup dar certo: ela precisa ser criada no momento exato em que existe oportunidade e demanda no segmento em que o empreendedor pretende investir. É importante ser sincero e saber admitir que não é capaz quando faltar conhecimento – o que muitas vezes acontece é que alguns tem uma ótima visão técnica, mas não conhecem bem o mercado, e saber reconhecer isso é importante.

Andre, obrigado pela oportunidade e por nos atender. Por favor deixe uma mensagem final para o leitor interessado em empreendedorismo e startups.

A. D.: Tire sua ideia do papel, faça um MVP, valide seu modelo de negócios, colete feedback dos seus clientes e ouça seus usuários. Seja lean! Simples assim. Convido os leitores a conhecerem melhor nosso trabalho acessando www.ventureone.com.br. Valeu e parabéns pelo excelente conteúdo de vocês. Até a próxima.

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.

© 2024 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.