A “foto de réu” de Donald Trump foi divulgada na noite de quinta-feira pela prisão do condado de Fulton, após o ex-presidente dos Estados Unidos ser fichado em uma prisão de Atlanta por mais de uma dúzia de acusações criminais, como parte de um amplo processo criminal decorrente de suas tentativas de reverter sua derrota nas eleições de 2020 no Estado da Geórgia.
Um Trump sério – prisioneiro nº P01135809 – foi retratado olhando para a câmera na “foto de réu”. A imagem representou mais um momento extraordinário para Trump, que não teve de se submeter a uma fotografia ao se apresentar nos seus outros três processos criminais.
Ele não perdeu tempo ao tentar tirar vantagem disso, postando a foto na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, bem como em sua própria rede social, Truth Social. O site de sua campanha apresentava a foto junto com uma mensagem de Trump defendendo suas ações e pedindo doações.
A postagem no X parecia ser a primeira de Trump no site desde que sua conta foi banida depois que uma multidão de seus apoiadores invadiu o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. O proprietário do X, Elon Musk, restabeleceu a conta de Trump no final do ano passado.
A comitiva de Trump deixou a prisão cerca de 20 minutos depois de entrar e seguiu em direção ao aeroporto Hartsfield-Jackson, em Atlanta, onde seu avião particular o esperava para transportá-lo de volta ao seu clube de golfe em Nova Jersey.
Antes de embarcar Trump repetiu a sua afirmação de que a acusação — juntamente com os procuradores nos outros indiciamentos que enfrenta – tem motivação política.
https://t.co/MlIKklPSJT pic.twitter.com/Mcbf2xozsY
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 25, 2023
“O que aconteceu aqui é uma farsa de Justiça”, disse ele aos repórteres. “Não fiz nada de errado e todo mundo sabe disso.”
Trump, de 77 anos, já entrou em território desconhecido como o primeiro ex-presidente dos EUA a enfrentar acusações criminais, embora os quatro casos movidos contra ele não tenham prejudicado o seu status de favorito na corrida pela nomeação republicana para desafiar o presidente democrata Joe Biden nas eleições de novembro de 2024.
Dezenas de apoiadores, agitando bandeiras de Trump e bandeiras dos EUA, se acotovelaram para dar uma olhada quando Trump chegou à prisão. Entre os apoiadores de Trump reunidos do lado de fora estava a deputada da Geórgia Marjorie Taylor Greene, uma das aliadas mais leais do ex-presidente no Congresso.
Lyle Rayworth, de 49 anos, que trabalha no setor de aviação na região de Atlanta, estava esperando perto da prisão há 10 horas, desde a manhã desta quinta-feira.
“Sim, espero que ele me veja agitando bandeiras, mostrando apoio”, disse Rayworth enquanto aguardava a chegada de Trump. “Ele precisa de nós.”
O empresário e celebridade que virou político se junta às fileiras onde estão o gangster Al Capone, o cantor Frank Sinatra e outros norte-americanos famosos que posaram para fotos na prisão.
A imagem certamente será amplamente divulgada tanto pelos inimigos quanto pelos apoiadores de Trump.
“Queremos colocá-la em uma camiseta. Será espalhada por todo o mundo. Será uma imagem mais popular do que a Mona Lisa”, disse Laura Loomer, 30 anos, ex-candidata republicana ao Congresso que se misturou com outros apoiadores de Trump fora da prisão na manhã desta quinta-feira.
Mais cedo, o juiz Scott McAfee marcou a data de 23 de outubro para o julgamento de um dos 18 corréus de Trump, o advogado Kenneth Chesebro, depois que a promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, propôs essa data em resposta ao pedido de Chesebro para um julgamento rápido. A determinação do juiz dizia que o cronograma ainda não se aplica a Trump ou a qualquer outro réu.
Pelo menos 10 de seus corréus já foram autuados. Alguns, como Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York, ficaram impassíveis em suas fotos, enquanto outros, como a advogada Jenna Ellis, sorriram para a câmera.
Todos os 19 réus têm até sexta-feira para se apresentarem.
Trump enfrenta 13 acusações criminais no caso da Geórgia, incluindo extorsão, por pressionar autoridades estaduais a reverter sua derrota eleitoral e criar uma lista ilegítima de integrantes do Colégio Eleitoral para minar a certificação formal da vitória de Biden em 2020 pelo Congresso.