A Secretaria de Agricultura da Argentina informou nesta terça-feira que os exportadores de grãos podem manter 25% da moeda estrangeira que gerarem em setembro para importar soja, com o objetivo de lidar com a escassez do grão, flexibilizando rígidos controles monetários no país.
A Argentina é um dos principais exportadores mundiais de óleo e farelo de soja, mas uma seca histórica reduziu pela metade a safra de soja para a temporada 2022/23, levando à necessidade de importar a oleaginosa a ser processada para exportação.
As importações de soja aumentaram 700% este ano, de acordo com dados oficiais.
“Os exportadores do setor poderão dispor livremente de 25% da moeda estrangeira por 30 dias para (…) garantir a compra de soja”, disse o secretário de Agricultura, Juan Jose Bahillo, em uma coletiva de imprensa.
A medida entrará em vigor na segunda-feira, acrescentou ele.
O país sul-americano está enfrentando um ambiente econômico complexo, com um grande déficit fiscal, reservas escassas do banco central, inflação de três dígitos e queda da atividade econômica devido à seca que atingiu o setor agrícola.
Atualmente, os exportadores de grãos precisam converter todos os dólares obtidos com as exportações em pesos dentro de um prazo rigoroso e a uma taxa de câmbio oficialmente acordada.
O governo, que já ofereceu taxas de câmbio preferenciais ao setor agrícola para incentivar as exportações, também regula rigidamente o acesso à moeda estrangeira para pagar as importações.
A Argentina tem 8 milhões de toneladas de soja em reserva, estimou Bahillo, das 25 milhões de toneladas colhidas na temporada 2022/23, muito abaixo das 44 milhões de toneladas coletadas no ano anterior.
A queda na produção levou o país a processar 26% menos soja no primeiro semestre do ano, com apenas 14,9 milhões de toneladas, de acordo com a câmara de exportadores e produtores de oleaginosas CIARA-CEC.