Os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliáros) de papel – que investem em títulos de renda fixa, CRIs, ou que estão atrelados às variáveis macroeconômicas como índices de preços e Selic – estão sendo deixados de lado pelos investidores neste momento de queda dos juros e da inflação, o que traz um debate interessante.
Na verdade, essa fuga tem criado uma oportunidade de investimento quase única. A demanda menor por essa classe de FIIs tem pressionado os preços, forçando as cotas para um valor abaixo do patrimonial e consequentemente elevando o rendimento em dividendos (dividend yield).
A chefe de fundos listados da XP Investimentos Maria Fernanda Violatti fez uma análise sobre a relação entre o valor de mercado e o patrimonial da classe e percebeu que, atualmente, os fundos de papel apresentam desconto de, aproximadamente, 8,9% (Com base em 22/08/2023).
Além disso, o segmento, quando descontado, tende a voltar para a média mais rapidamente que os fundos de tijolos. “Sendo assim, o momento atual pode ser favorável também para ganhos de capital”, explica.
Evolução do desconto dos fundos de recebíveis
Segundo Violatti, os FIIs de recebíveis também tem distribuído maiores dividend yield (DY) para os seus cotistas.
“Dos fundos que fizeram parte do IFIX desde o primeiro trimestre de 2018, o DY médio por ano foi de aproximadamente 9,6% em comparação aos agregados de tijolos e de fundos de fundos foi de 7,1% e 8,6% respectivamente. Em 2023, ao final do segundo semestre, a média de 12 meses é de 13,9%”, calcula.
A analista ressalta que a parcela que o fundo de papel paga de dividendo está associada aos indexadores macroeconômicos dos títulos de renda fixa que compõem o portfólio do fundo, sendo assim, em momentos de Selic, IPCA, IGP-M mais elevados, os fundos têm um potencial de pagar dividendos mais robustos.
“Em contrapartida, durante períodos de quedas destes indicadores [como o atual] os dividendos podem ser reduzidos. No entanto, destacamos que grande parte dos fundos de recebíveis criam reservas de caixa para manter maior consistência na distribuição dos dividendos, e, consequentemente, retornos mais estáveis”, projeta.