O diesel R, combustível da Petrobras (PETR3; PETR4) resultado do coprocessamento do produto fóssil com óleos vegetais, poderá ter uma política específica desde que não comprometa metas e o estímulo à produção de biodiesel, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta segunda-feira.
Segundo ele, ainda será feito um debate sobre o assunto. Produtores de biodiesel manifestaram preocupação anteriormente de que o diesel R, que pode conter 10% de conteúdo vegetal, venha concorrer com o biocombustível, que é atualmente misturado em um percentual de 12% ao diesel com mandatos crescentes nos próximos anos.
Durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Nova York, o ministro lembrou ainda que o produto da Petrobras não foi contemplado no projeto de lei Combustível do Futuro, encaminhado ao Congresso Nacional.
A propósito, Silveira destacou ainda que os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já manifestaram apoio ao projeto de lei.
O ministro reforçou que o governo deve encaminhar, até dezembro, o marco regulatório do hidrogênio verde ao Congresso Nacional, que deverá dar instrumentos para ampliação do uso do combustível e dos hubs de produção.
Segundo Silveira, o governo quer estimular a indústria doméstica de eletrolisadores, equipamentos utilizados na produção de hidrogênio verde, combustível renovável que é uma das apostas do Brasil na agenda de transição energética mundial.
“Nós não perderemos (a oportunidade), como perdemos na questão das placas solares… Agora não, nós queremos discutir a cadeia de eletrolisador, a cadeia da indústria dentro do Brasil” afirmou.
Silveira não comentou que forma esse estímulo à indústria poderia se dar.
O plano do Brasil de estimular a indústria local vem em meio a movimentos semelhantes de outros países, como os EUA, que estabeleceram legislações, em alguns casos envolvendo fortes subsídios, para fortalecer as cadeias de suprimento locais e reduzir a dependência de importações, sobretudo da China.
“Queremos que as duas grandes empresas nacionais, Vale e Petrobras, sejam protagonistas de suas cadeias internas de descarbonização para gerar emprego e renda, e de sua cadeia produtiva dentro do Brasil”, acrescentou Silveira.
Híbrido flex
Para o ministro, o futuro dos veículos brasileiros deve envolver carros com tecnologia “hídrida flex”, para que o etanol não seja abandonado, à medida que avance a eletrificação na matriz de combustíveis para carros.
“Não vamos abandonar etanol, para fazer mudança que é onerosa ao consumidor brasileiro. Um ônibus coletivo elétrico custa quatro vezes mais que um de combustão. Isso não pode ser pago pelo usuário do transporte coletivo brasileiro”, disse ele.