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A Bolsa brasileira vai mal em comparação às bolsas de outros países, mas isso não é tão ruim assim

Quando falamos em ações, ter a Bolsa com valores descontados é bom porque assim é possível encontrarmos ativos de boa qualidade com preços defasados

por Vicente Guimarães
3 min leitura
Vicente Guimarães

Os investidores não entendem as razões para a Bolsa de Valores do Brasil não performar bem, comparando-se não só com as dos Estados Unidos como também com a de países emergentes. Nos Estados Unidos o índice S&P 500 tem registrado grandes altas e está chegando a patamares recordes. Entre os emergentes, o Brasil tem tido o pior desempenho. Está atrás de países como China, Índia, Argentina, enfim, o Ibovespa está realmente decepcionando.

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Sobre a S&P 500, eu entendo que existe uma precificação exacerbada. O que acontece é que as grandes empresas de tecnologia do mundo como Google, Meta, Apple, Microsoft, Nvidia, entre outras, são sediadas lá. Elas performam muito bem e têm peso para elevar a pontuação da bolsa estadunidense. Mas tirando elas, o que se vê é uma bolsa que cresce normalmente.

A evolução da Inteligência Artificial tem atraído investidores e gerado uma corrida às compras muito intensa. É semelhante ao que ocorreu com o surgimento do metaverso, que não deu em nada, mas na minha opinião a inteligência artificial veio para ficar porque essas empresas serão possivelmente as que vão extrair o máximo da tecnologia. Muito da valorização recente da S&P 500 vem daí. Mas comparar a nossa Bovespa com a similar americana chega a ser covardia considerando o tamanho das duas economias.

Então, em relação às bolsas de países emergentes, o Brasil está indo mal principalmente por excesso de ruído interno da política econômica. O investidor estrangeiro fica arredio vendo este cenário de confusão política, que deixa uma margem de instabilidade nada agradável ao investidor de fora. Além disso, tem a questão dos juros que parou de cair. A perspectiva de a taxa Selic chegar ao final do ano na casa dos 9% foi frustrada e isso afugenta o capital estrangeiro. E é sempre bom lembrar que a renda fixa está pagando IPCA mais 6%, o que atrai quem está em busca de boa rentabilidade com baixo risco.

O investidor, porém, não deveria se assustar com isso. Quando falamos em ações, ter a Bolsa com valores descontados é bom porque assim é possível encontrarmos ativos de boa qualidade com preços defasados. Para se ter ideia, temos 45 empresas que pagam dividendos muito bons. Elas estão fazendo a lição de casa e os preços de suas ações não estão acompanhando. Mas isso é normal porque a ação segue o humor do mercado, que uma hora vai mudar e vai ter uma correção do preço para alegria dos investidores.

O que o investidor precisa é ter atenção para não cair em armadilhas. Então, meu conselho é, na hora de escolher uma empresa pagadora de dividendos cuja ação está barata é preciso olhar o desempenho dela no passado, ver se tem crescido, se tem conseguido aumentar seu lucro de forma constante.

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Tem isso na internet. Entenda que se o lucro está crescendo e o preço do papel está parado é porque existe uma assimetria entre resultado e preço de mercado. É uma forma de achar oportunidades. Quem não entende muito do assunto pode recorrer a casas de análises. Enfim, a má performance do Ibovespa é temporário e tem sim seu lado positivo. É saber explorar isso.

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