Donald Trump sempre foi uma figura conturbada no cenário mundial. Empresário polêmico e em determinado momento quase falido. Agressivo astro da TV americana e candidato à presidência americana. Candidato que conseguiu superar concorrentes de peso como Hillary Clinton e virou o presidente da maior economia do planeta.
O governo de Trump desde o nascedouro foi polêmico, e seus Twitters sempre causaram estragos, até por conta de bruscas mudanças de rota. Trump dormia de um jeito e acordava de outro, completamente oposto. Só que ele agora é o presidente e deveria cumprir ritos. Sua viagem pela Europa durante a semana está causando furor. Criticou a postura da OTAN, deu conselhos para Theresa May, primeira ministra do Reino Unido, sobre o Brexit que não foram seguidos. Largou May nas escadas do palácio, atropelou a rainha nonagenária no desfile da tropa e foi para a Finlândia encontrar Putin.
Putin e Trump uma viagem marcante
Este encontro foi o ápice. Manteve reunião de 130 minutos com o presidente da Rússia. Extremamente preparado, conversou sobre Síria, protocolo nuclear do Irã e como regular o mercado de petróleo do mundo. Ocorre que na coletiva de imprensa dos presidentes, Trump aceitou as explicações de Putin sobre não interferência nas eleições em que saiu vencedor, mesmo com todas as evidências em contrário. Como isso foi contra a tudo que o departamento de justiça americano tem dito, inclusive a punição de 12 agentes russos.
Nem mesmo membros de seu partido concordaram com a postura e o presidente da Câmara dos representantes disse depois não haver dúvidas sobre a interferência russa nas eleições. Trump pelo Twitter disse que a melhora das relações entre os dois países estava acima disso.
A postura beligerante de Trump tem causado graves transtornos ao cenário global. Sua posição radical com relação ao comércio internacional está deixando o mundo à beira de uma guerra comercial cuja consequência primeira será desacelerar a recuperação da economia global. Aliás, o FMI em seu último relatório trimestral de projeções diagnosticou que a expansão dos dois últimos anos está estancando.
Trump e a Guerra comercial
Do lado comercial chove questionamentos na Organização Mundial do Comércio (OMC). Países ingressaram com demandas contra os EUA, e os EUA fizeram o mesmo. São alvos americanos a União Europeia, a China (claro), o Canadá (vizinho), o México (vizinho também) e a Turquia; todos por terem reclamado da tarifação sobre produtos de aço. Enquanto isso ocorre, a União Europeia e o Japão fecharam acordo para eliminar quase todas as tarifas comerciais. Periga Trump ficar falando sozinho, já que existe muitas empresas americanas contrarias às restrições impostas.
É certo que os EUA precisam resolver o problema de déficit mensal sistemático contra a China que em junho ainda cresceu para US$ 29 bilhões, porém não se pode fazer isso a “ferro e fogo”. A China se mostrava disposta a negociar maior volume de compras e Trump tratou como inimigo. A Europa, aliados históricos dos EUA, também tencionava reduzir a tarifa sobre automóveis dos 10% atuais, chegando eventualmente aos 2,5% cobrados pelos EUA; mas Trump parece não querer muito assunto.
Mundo cheio de incertezas
Nesse momento as incertezas são tão grandes que os dirigentes de bancos centrais estão temerosos de mudarem suas políticas monetárias. Os emergentes sofrem com os desequilíbrios no câmbio e precificação dos ativos, principalmente aqueles atrasados em reformas, como o Brasil.
O FMI deu sinais disso ao reduzir sua previsão de crescimento em 2018 para 1,8%, de anterior em 2,3%; e ao que tudo indica já está defasada para pior, pois a pesquisa semanal Focus sinaliza com 1,50%, e com cara de desacelerar mais.
Enquanto isso, os mercados acionários no mundo andam ao sabor dessas idiossincrasias ”trumpolinas”, sem sair do lugar, mas com grande volatilidade e bruscas mudanças de comportamento.
Cabe lembrar a Trump a frase de Bernard Shaw: “O homem sensato se adapta ao mundo. O insensato persiste em tentar adaptar o mundo a si”.