33dias Topo
Home Colunistas A doença e o juro americano

A doença e o juro americano

A ideia é fazer um paralelo com o que acontece e poucas vezes nos damos conta: a influência do juro americano nos ativos brasileiros

por Guilherme Cadonhotto
3 min leitura
Guilherme Cadonhotto, juro

Um dia desses escutei uma frase que fez muito sentido, talvez para você faça também:

“Você tem muitos problemas, até descobrir uma doença.”

Isso de fato aconteceu comigo, a tal da doença não me afetou diretamente, mas minha esposa, a Nicole, que passou por um problema de saúde alguns anos atrás. Na época eu estava em transição de empresa, com dois negócios fechados devido a pandemia e 8 funcionários(as) dependendo de nós e 2 aluguéis dos imóveis comerciais chegando todo mês.

Quando descobrimos que um “probleminha” de saúde poderia vir a se tornar algo sério, todos os problemas anteriores foram reduzidos a pequenos incômodos.

Afinal, quantas vezes não paramos para contabilizar os problemas do cotidiano e damos um peso tremendo para prazos de entrega de relatórios, apresentações e outras atribuições no trabalho, na faculdade, ou compromissos pessoais com família e amigos e esquecemos que esses de fato não são grandes problemas, mas apenas a vida acontecendo?

Mas esse texto tem a ver com saúde?

Na verdade, não, a ideia aqui é fazer um paralelo com o que acontece no mercado e poucas vezes nos damos conta; a influência do juro americano nos ativos brasileiros.

Em períodos em que a inflação por aqui anda pressionada, que os juros estão pressionados, ou que o cenário político aqui anda conturbado, basta os EUA voltarem a subir os juros que passamos a ter um grande ponto negativo jogando contra os nossos ativos de risco; o aumento do juro na maior economia do mundo.

O juro nos EUA é a referência do mundo para juro. Se a maior economia do mundo passa a pagar uma remuneração maior para pegar dinheiro emprestado com investidores e investidoras ao redor do mundo, todos os outros países precisam também pagar um juro maior para continuarem atraindo recursos das pessoas.

Mas por que digo isso hoje?

Na verdade, estamos próximos do “processo de cura”.

Com os recentes dados mais fracos do mercado de trabalho nos EUA, investidores atribuem 100% de chance de corte de juros na reunião do Banco Central americano em setembro.

Agora vamos retomar a ideia da frase; “Você tem muitos problemas, até descobrir uma doença.”

Quando ela surge, o restante dos seus problemas deixa de te preocupar de maneira relevante. É de se imaginar que quando você, ou um ente querido, se cura de uma doença, os outros problemas passam a ser uma preocupação correto?

Não necessariamente.

Depois de passar por um processo de cura, ou melhora, há um tempo em que a doença já não é mais um problema e a sua atenuação passa a trazer uma boa sensação, onde nem a doença e nem as suas preocupações anteriores, tomam a sua atenção. A minha percepção é que os mercados globais, e provavelmente o brasileiro, também poderão passar por esse período onde a queda do juro americano nos leve a um período em que uma parte de nossos problemas sejam atenuados.

Se a maior economia do mundo paga juro menor, poderemos nos dar ao luxo também de pagar um juro mais baixo em algum momento.

A economia, e o mercado brasileiro, estão em especial mais “amassados” do que seus pares emergentes.

Nossa moeda sofreu mais do que nossos pares, nossa bolsa sofreu mais do que nossos pares, nossos juros estão mais pressionados que nossos pares.

Não estou dizendo que com a queda do juro americano o país vai passar a enxergar a resolução de seus problemas, mas sofremos mais do que nossos pares nos momentos de piora, e minha visão é de que uma melhora nos preços dos ativos também virá em maior proporção nesse momento de alívio da maior preocupação dos últimos tempos, o juro dos EUA no maior patamar das últimas décadas.

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.

© 2024 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.