Yogi Berra é uma lenda do baseball americano. Talvez mais lendário por suas frases bizarras, do que por sua performance como jogador ou técnico (ele é uma espécie de “Vicente Matheus americano”). É dele a frase “Fazer previsões é difícil, especialmente quando são sobre o futuro”.
Fazer previsões é sempre difícil. Mas vou arriscar e colocar um pouco “a cara a tapa”. Minha previsão é: o desemprego vai aumentar. Reconheço que não é uma previsão muito original, afinal vivemos hoje em uma época de desemprego friccional (o chamado “pleno emprego”) e só podem acontecer duas coisas: ou o desemprego fica como está ou aumenta.
Mas vai aumentar, independentemente do que acontecer com a economia brasileira. Se tudo der errado e a nossa economia for para o buraco (estamos tendo alguns sinais perigosos no momento), o desemprego vai aumentar pelo próprio desaquecimento da economia.
Já se tudo der certo e virarmos, enfim, uma economia de primeiro mundo, o desemprego também vai aumentar, pois os empresários ficarão confiantes e farão investimentos em capital para aumentar a produtividade.
Cabe lembrar que poucos fizeram isso até o momento – nossa economia tem baixa produtividade para os padrões desenvolvidos. Se tudo melhorar, logo aquele terceiro turno de operários será substituído por robôs caros e sofisticados e teremos, enfim… Desemprego!
O aumento do desemprego deverá fazer com que as pessoas voltem a se interessar por desenvolvimento profissional (convenhamos que pouca gente, no fim das contas, deu bola pra isso quando as empresas estavam “laçando” empregados na rua) e também deve gerar um grande interesse pelo empreendedorismo.
Interesse não por aquele empreendedorismo glamuroso e descolado, tão na moda atualmente, inspirado na “subcultura startup” americana de capital de risco abundante e farto, e sim aquele empreendedorismo de subsistência, voltado mais para a satisfação das necessidades do dia a dia do que para a construção de um sonho.
É aquele empreendedorismo “defensivo”, do sujeito que empreende não por vocação, mas sim por necessidade e falta de oportunidade de arrumar um emprego “de verdade”. Um tipo de empreendedorismo onde não há capital de risco, não há investidor “bancando” a empresa, até descobrirem como vão conseguir fazer algum dinheiro com ela.
É um empreendedorismo que exige geração de caixa imediata, “pra ontem”, senão não tem dinheiro para pagar as contas no final do mês.
Aqui no venerável conselho editorial do Dinheirama, em nossas conversas internas, temos notado um ainda tímido, mas crescente interesse por esse tema, vindo de pessoas que começam a sentir que há algo estranho no ar, que algo não cheira bem em nossa economia.
Nos referimos a esse fenômeno, de forma mais jocosa, como “empreendedorismo hot dog” – não que haja algum demérito na nobre atividade de “dogueiro”, mas o hot dog se torna o símbolo do empreendedorismo de subsistência, como o pipoqueiro e a barraca de churros, entre outros.
O empreendedorismo é parte do escopo editorial do Dinheirama. Falamos muito sobre isso, apesar de nossa origem ser o universo das finanças pessoais, mas também estamos de olho nas movimentações da economia.
Queremos chamar a atenção dos leitores para um tema que, acreditamos, vai dar bastante pano pra manga no futuro próximo: esse empreendedorismo menos grandioso, menos sonhador e mais focado nas necessidades de curto prazo, o “empreendedorismo hot dog”.
Você já parou para pensar nessa situação do Brasil, do possível desemprego, do empreendedorismo aqui mencionado? Deixe sua opinião no espaço de comentários abaixo. Voltarei ao tema em breve. Obrigado e até a próxima.
Foto Shutterstock: A small hot dog car in Amsterdam.