A decisão da Petrobras (PETR3; PETR4) de não pagar os dividendos extras, amplamente esperados pelo mercado, caiu como uma bomba sobre o desempenho das ações da estatal. Apesar disso, uma pequena decisão da administração poderia ajudar a realinhar para cima as expectativas dos investidores.
A analista Monique Greco Natal, do Itaú BBA, afirma que, após conversas com dezenas de investidores locais e estrangeiros nos últimos dias, o foco deles agora está sobre os fundamentos da companhia, o que poderia dar uma visão mais clara do potencial de geração de caixa nos próximos anos.
Produção
“As previsões de produção de petróleo da Petrobras para o Plano Estratégico 2024–28 foi um dos principais temas de discussão no início deste ano”, explica Natal em um relatório enviado a clientes.
Segundo ela, contudo, os atuais níveis de produção já ultrapassam as previsões para os próximos dois anos, o que levou muitos investidores a mostrarem-se céticos em relação às previsões fornecidas pela companhia no plano, alegando que a empresa está sendo conservadora nas suas estimativas.
O que a Petrobras poderia fazer?
“Sem a intenção de questionar a orientação da Petrobras e cientes de que não podemos replicar a avaliação precisa da empresa sobre a previsão de produção, estudamos cada um dos FPSOs (navio-plataforma que produz, armazena e transfere petróleo e gás) que entraram em operação a partir de 2010 e seus dados históricos de produção para entender os padrões da curva de produção de cada um deles”, explica a analista.
Ela visou encontrar uma visão da curva de produção potencial para entender quão positiva poderia ser a assimetria para os próximos anos.
“A assimetria parece estar inclinada para o lado positivo, mas a verdade tem que ser dita: nunca seremos capazes de fazer uma previsão de produção para a Petrobras tão precisa quanto a da empresa. A previsão de produção da Petrobras é baseada em um modelo probabilístico preciso, que considera incertezas que nossa abordagem determinística não considera”, reconhece a analista.
Ou seja, sem esse realinhamento de expectativas, o mercado fica um pouco “cego” diante das expectativas que poderiam ser incorporadas nos preços das ações.
Revisão do Itaú BBA
De qualquer forma, o Itaú BBA realizou o seu próprio exercício e encontrou a possibilidade de 100 mil barris por dia a mais em 2024.
“Mas, a longo prazo, as nossas estimativas indicam que a produção entregue poderá ser até aproximadamente 400 mil barris por dia, superior às previsões divulgadas no Plano Estratégico 2024–28, entretanto, no longo prazo existem riscos que não conseguimos capturar em nossas análises”, pontua Natal.
Confirmando a importância deste alinhamento, o próprio BBA decidiu com base em seu modelo próprio aumentar o preço-alvo para as ações preferenciais de R$ 38 para R$ 43. A recomendação, contudo, continua “neutra”.