A Petrobras (PETR3; PETR4) está interessada em uma participação de 40% da Galp Energia em uma nova fronteira exploratória na Namíbia, que pode ter até 10 bilhões de barris de óleo e gás equivalente, informou a Reuters. Essa notícia, contudo, deu gatilhos de ansiedade no mercado.
“Os empreendimentos anteriores da Petrobras em territórios estrangeiros não foram satisfatórios e geraram ceticismo no mercado”, ressaltam os analistas Pedro Soares, Thiago Duarte e Bruno Lima, do BTG Pactual, em um relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (3).
Eles ressaltam que não há visibilidade sobre a estrutura de um potencial investimento da Petrobras nos ativos da Galp, e é provável haver mais parceiros. Os relatos apontam para 12 interessados e um valor de US$ 10 bilhões para o negócio.
“Com base em um cálculo simples e supondo que a empresa detenha uma participação de apenas 1 bilhão de boe na Galp Mopane, a Petrobras poderia adicionar US$ 12 bilhões em valor com base em nosso múltiplo alvo para o segmento de E&P da companhia”, opina o BTG.
A principal ressalva de um investimento como esse, ressaltam Soares, Duarte e Lima, é o impacto potencial sobre a capacidade da empresa de pagar dividendos, já que a disposição de investir para gerar valor no longo prazo parece limitada neste momento.
Petrobras quer a Pangeia
Para o Bradesco BBI, o interesse da Petrobras na participação mostra os esforços para aumentar suas reservas futuras, dado o atual ritmo de esgotamento de seus campos de petróleo, especialmente na bacia de Campos, bem como seu pico de produção, que deverá acontecer no início 2030.
“Além disso, em recente reunião, a presidente, Magda Chambriard, comentou sobre as descobertas na Namíbia. A Petrobras poderia utilizar o know-how da Namíbia na exploração da bacia de Pelotas (que estava ligada à Namíbia na Pangéia)”, escreveram Vicente Falanga, José Cataldo, em um relatório de hoje.
O BTG explica, contudo, que embora goste de medidas que garantam a sustentabilidade do crescimento da exploração da Petrobras, a sua visão otimista em relação à Petrobras continua bastante ligada à confiança nos resultados de curto prazo e à crença de que a assimetria para a geração de caixa é positiva no horizonte de 2024 a 2026.