Assunto comum no universo corporativo, o tema liderança ocupa, há tempos, o noticiário de negócios e gestão por conta da importância de seus impactos. Em resumo, o que se prega é que uma eficaz e forte liderança resulta em bons resultados e batimento de metas. O contrário, bastante óbvio, traria como consequência uma catástrofe corporativa, com a inversão da espiral positiva de desenvolvimento, sustentabilidade econômica e inovação, tão caros para a preservação empresarial.
Muito bem, não me cabe questionar os efeitos que um líder pode provocar. Nem mesmo defenderia o fim dessa relevância, uma vez que, em minha opinião, trata-se de um conceito que representa a espinha dorsal do empreendedorismo e da livre iniciativa.
Afinal de contas, toda empresa ou negócio estabelecido hoje nasceu antes na mente e nos sonhos de corajosos empreendedores, que a despeito de todas as dificuldades e ameaças lideraram seus projetos até que se transformassem em realidade palpável. Isto é um fato, ponto final.
No entanto, observo algum exagero na abordagem do tema, principalmente quando pensamos nos pilares que garantem a prosperidade e a longevidade de uma empresa na linha do tempo.
A questão é que a sobrevivência de um negócio não pode ficar à mercê desse elemento tão instável, incontrolável e muitas vezes imprevisível que conhecemos como ser humano. Ele pode ser forte, mas às vezes é frágil. Pode ser muito ou nada vaidoso, mas é repleto de virtudes e vícios.
Alguns cuidam da saúde, mas outros não se recordam do último check-up ao qual se submeteram. Está exposto a questões pessoais não resolvidas e nem sempre gosta de vozes discordantes, por mais que afirme o contrário e mesmo que venham em seu benefício. Tudo isso desde que seja um sujeito normal e saudável, é claro.
Em resumo, um risco total. Honestamente, quando leio sobre as propagadas características robóticas dos líderes, não me vem outro pensamento senão o de que a utopia de fato não acabou. Se não é utopia, certamente se trata de um total desconhecimento de gênero humano.
Seres humanos são falíveis por excelência. Por mais duro que seja, é necessário e importante aceitar que as nossas obras, quando sólidas e consistentes, devem sobreviver à nossa influência. Mais do que isso, penso que devemos trabalhar para que assim ocorra.
Bons empresários e líderes devem se esforçar para construir empresas que tenham na sua arquitetura de governança os fatores críticos necessários para torná-la um organismo vivo e de certa forma blindado da má gestão, seja ela conduzida pelos fundadores, seus herdeiros ou por profissionais contratados.
Para encerrar, penso que um bom líder não pode se embriagar pela falsa noção de perfeição, nem mesmo concluir que é insubstituível. Bons líderes deixam um legado, eventualmente um quadro na parede, mas sabem se retirar na hora certa.
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